Há quase três meses sem ver a filha, Rosângela Alminhana Maciel passou a ter mais atenção ao noticiário internacional. Desde a última semana, a bióloga Ana Paula Maciel, de 31 anos, está detida na Rússia depois de participar, com outros 30 ativistas do Greenpeace, de um protesto em uma plataforma de petróleo no Ártico. A detenção ocorreu na última quarta-feira (18). Desde então, não houve nenhum contato do Itamaraty.
- Estamos aguardando, mas ainda não temos nenhuma informação oficial ¿ afirma Rosângela.
O Itamaraty foi procurado pela reportagem da Rádio Gaúcha, mas ainda não se pronunciou sobre o caso.
Embora não consiga contato há mais de uma semana com Ana Paula, a família da gaúcha de Porto Alegre está um pouco mais tranquila, depois de tomar conhecimento pela imprensa de uma declaração do presidente russo, Vladimir Putin. Ainda assim, o Itamaraty não fez nenhum contato.
- O nosso medo era que eles fossem acusados de pirataria, com denúncia, abertura de processo. A situação iria ficar bem mais angustiante. Mas agora o próprio presidente diz que não caracterizou o caso como pirataria. Eu acredito que agora a coisa vai se desenrolar mais rápido.
Putin afirmou que não vê o caso como pirataria (que tem pena de prisão prevista em 15 anos), mas destaca que houve violação de lei internacional.
Greenpeace
O grupo formado por ativistas de diversos países foi surpreendido por autoridades russas depois que dois de seus integrantes escalaram uma plataforma da Gazprom, empresa estatal de petróleo e gás do país. Eles foram levados à sede do Comitê de Investigação Russo em Murmansk. Nesta quarta-feira (25), o escritório do Greenpeace na Rússia informou, através do Twitter, que os ativistas foram transferidos para diferentes prisões em Murmansk e em regiões próximas.
Ativismo
Segundo Rosângela Maciel, a filha Ana Paula, caçula entre três irmãos, é militante do Greenpeace desde 2006. A bióloga de 31 anos passou por um episódio parecido em 2008, mas com desfecho mais célere. Em meio a um protesto no caribe contra a caça de baleias, a ativista foi detida e liberada três dias depois.
A viagem atual de Ana Paula iniciou na primeira quinzena de julho e passou pela Holanda e Noruega, antes de chegar às águas do Ártico. O retorno estava previsto para o final de outubro.
Perguntada se, após o retorno da filha, irá pedir que ela pare com as viagens e o ativismo, Rosângela é enfática:
- Não vou pedir. Vou continuar apoiando, dando força, por que eu acho que ela faz a diferença - conta.
