Por mais desgastada que esteja a palavra pacto, a presidente Dilma Rousseff resolveu usá-la para definir os acordos propostos a governadores e prefeitos para melhorar a qualidade dos serviços públicos. É o segundo ato da resposta de Dilma às manifestações populares. O que ela esboçou no pronunciamento de sexta-feira tomou forma no fim de semana e foi apresentado como pacote para atender à demanda das ruas.
Dilma abraçou a reforma política, que seu governo não conseguiu fazer andar no Congresso. Anunciou um plebiscito para votar a convocação de uma Constituinte exclusiva para tratar especificamente dessa reforma, que, na visão dos líderes petistas, tem o financiamento público das campanhas como ponto central. A presidente não deu detalhes de datas nem de como seriam escolhidos os constituintes, mas o governador Tarso Genro informou na saída da reunião que a consulta deve ser feita ainda em 2013.
Faltou detalhar também o Plano Nacional de Mobilidade Urbana, para o qual Dilma anunciou investimentos de R$ 50 bilhões, mas não especificou de onde sairá esse dinheiro. O governo federal fez a sua parte na desoneração de insumos do transporte coletivo. Os governadores foram desafiados a reduzir o ICMS do diesel para ônibus e da energia elétrica para trens e metrôs.
De todos os pactos, o mais fácil de colocar em prática é o da educação: basta o Congresso votar a proposta que destina para a área 100% dos royalties do petróleo e o governo focar em escola de tempo integral, alfabetização na idade certa e investimentos em pesquisa, ciência e inovação.
O mais difícil é o da saúde. Dilma reafirmou a disposição de trazer médicos estrangeiros para atuar nas regiões rejeitadas pelos brasileiros. E anunciou mais vagas em cursos de Medicina e em residência médica, mas disse que não é só. O governo promete mais vagas em hospitais e maior celeridade na construção de Unidades de Pronto Atendimento e de Unidades Básicas de Saúde.
O roteiro do encontro de Dilma com os governadores e prefeitos foi consistente, mas é preciso que produza resultados imediatos, para que não provoque frustração e uma nova onda de protestos.