A Polícia Federal queria a prorrogação da prisão temporária de 10 suspeitos de envolvimento na fraude das licenças ambientais, entre os quais Berfran Rosado, Carlos Fernando Niedersberg e Luiz Fernando Záchia, mas não levou porque a juíza Karine da Silva Cordeiro entendeu que não havia motivo para mantê-los trancafiados por mais cinco dias no Presídio Central.
Não há nada de anormal na decisão da juíza, nem se pode confundir a liberação dos presos com impunidade. Prisão temporária só é prorrogada em casos excepcionais. E a juíza não se convenceu com os argumentos de que a prorrogação se justificaria para preservar provas e evitar a coerção de testemunhas.
Os 18 estão fora da prisão, mas não exatamente livres. Dificilmente, algum deles terá ânimo para retomar a vida social nos próximos dias ou correrá o risco de se complicar ainda mais tentando influenciar testemunhas. Todos sabem que seus movimentos seguem sendo vigiados pela PF. Depois dos grampos com os quais foram confrontados nos interrogatórios, quem se animará a tratar de assuntos sigilosos por telefone ou por e-mail?
Se o isolamento fosse absolutamente necessário, a PF teria pedido prisão preventiva, mas não pediu. São remotas as chances de que alguém subtraia documentos relevantes para a investigação, porque a PF recolheu tudo o que achou necessário. Na Fepam e na Smam, bancos de dados foram copiados, computadores recolhidos e milhares de documentos apreendidos. Nas casas dos presos, a devassa incluiu papéis, dinheiro, computadores e pen drives.
Nos interrogatórios, quem estava disposto a contar o que sabe já abriu o bico - caso do funcionário da Fepam Ricardo Pessoa, em cujo carro a PF encontrou R$ 350 mil. Como os delegados estão convencidos de que alguns presos mentiram, as acareações serão inevitáveis, mas o fundamental para o inquérito são os documentos recolhidos e as escutas telefônicas.
A Concutare está apenas no início. A PF já indiciou 22 pessoas, pretende ouvir mais uma centena e não descarta a possibilidade de pedir novas prisões.
Opinião
Rosane de Oliveira: "Fora da prisão, mas sob vigilância"
Rosane de Oliveira
Enviar emailGZH faz parte do The Trust Project