A duas semanas do primeiro turno, os principais candidatos à prefeitura de Porto Alegre ajustam as estratégias de campanha e reforçam as mobilizações de rua. O domingo de sol e temperatura amena na Capital favoreceu o corpo a corpo, com Juliana Brizola (PDT), Maria do Rosário (PT) e Sebastião Melo (MDB) percorrendo bairros, comunidades e eventos populares.
Postulante à reeleição, Melo começou o dia na Praça da Encol, no bairro Bela Vista. Depois, participou de uma carreata organizada pelo PL, partido da candidata à vice na chapa, Betina Worm, e, com o tradicional chapéu de palha, visitou localidades da zona sul de Porto Alegre. À tarde, Melo passeou pelo Acampamento Farroupilha, no último dia dos festejos tradicionalistas.
— Campanha se faz nas ruas, olhando no olho dos cidadãos e com muito diálogo, que é a marca do nosso governo. Somos gratos por todo incentivo e apoio e até mesmo críticas que temos recebido nesta caminhada — disse Melo.
No comitê emedebista, a avaliação é de que a campanha acertou o tom na propaganda de rádio e TV, com jingles grudentos e mesclando realizações do governo a novas propostas para uma segunda gestão. Para as próximas semanas, há um cuidado para evitar euforia, sobretudo após a última pesquisa Quaest, na qual Melo passou de 36% para 41%.
Os estrategistas receiam que um súbito aumento de confiança possa causar desmobilização na militância e nos candidatos a vereador. Também há um entendimento de que Juliana e Rosário vão intensificar as críticas na reta final. A orientação é não deixar ataque sem resposta e vincular às investidas a um suposto medo de derrota iminente.
No PT, Maria do Rosário passou o domingo em caminhadas pela cidade. Vestindo camiseta com mensagem contra a privatização do Dmae, ela passou a manhã na comunidade Alto Embratel, no bairro Cascata. À tarde, percorreu a localidade Santa Rosa, no Rubem Berta. Ao lado de lideranças políticas e candidatos a vereador, deu ênfase a políticas de educação.
— Todas as crianças da rede municipal de ensino vão ter uniforme, porque elas são nossas, elas precisam ser protegidas — assegurou a candidata.
O momento é de reavaliação no comando petista. Após Rosário passar de 31% para 24% na pesquisa Quaest, o conselho político decidiu dar mais visibilidade à campanha de rua, investindo na confecção de windbanners, as bandeirolas verticais instaladas em calçadas.
Há discussões internas sobre a eficácia de seguir criticando Melo pela atuação na enchente e a vinculação do emedebista ao ex-presidente Jair Bolsonaro. A equipe de rádio e TV chegou a produzir propagandas mostrando o prefeito como representante local do bolsonarismo, mas as peças foram rejeitadas em grupos de análise qualitativa.
Há um entendimento de que essa é uma campanha de chegada e o comitê trabalha para retornar ao patamar de 30%, afugentando o risco de ficar de fora do segundo turno.
A maior ameaça a Rosário é Juliana Brizola. A pedetista passou o domingo em caminhadas pela zona norte da Capital. À tarde, ela percorreu o Rubem Berta, um dos mais populosos de Porto Alegre. Mais cedo, circulou pelo Sarandi.
— A caminhada no Sarandi mostra a força de um bairro que luta por reconstrução. Passamos por lugares em que a água chegou a três metros de altura e as pessoas sentiram na pele o abandono por parte da prefeitura. Com união e coragem, vamos reconstruir Porto Alegre e dar dignidade para todas as nossas comunidades — disse Juliana.
Contente com a evolução da campanha, o PDT vai reforçar o discurso de que Juliana representa uma alternativa à polarização representada por Melo e Rosário. O partido entende que essa estratégia já produziu efeito ao levar a candidata de 11% para 17% na pesquisa Quaest, e prepara novas peças para rádio e TV pontuando as diferenças que a separam dos adversários.
As críticas individuais, porém, serão mais centradas em Melo do que em Rosário, de olho em um apoio do PT num eventual segundo turno contra o prefeito. A propaganda também vai exibir depoimento do governador Eduardo Leite (PSDB), considerado um trunfo na atração do eleitor de centro.