O ex-ministro Guido Mantega negou nesta sexta-feira (11) a chance de ser ministro na nova gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Mantega disse à GloboNews que a participação dele e de outros ex-membros de gestões passadas no governo de transição não implica em cargo na Esplanada.
— Esta questão da participação no grupo de transição está sendo superestimada. Grupo de transição é para ajudar novo governo a modificar estrutura do governo anterior — afirmou. — As pessoas que estão lá não são um grupo ministerial. É claro que poderão ser escolhidas pessoas que estão lá. Eu, por exemplo, não serei ministro, já tô indicando. Já fui ministro da Fazenda, já fui ministro do Planejamento e não pretendo ser mais ministro. Eu saio desta vanguarda e fico na retaguarda ajudando com conselhos e tudo o mais — complementou.
Ele já havia sinalizado que ficaria apenas "na retaguarda". O ex-ministro foi anunciado como parte do grupo técnico de Planejamento, Orçamento e Gestão da transição, ao lado do deputado federal Ênio Verri (PT-PR), da economista Esther Doecke e do presidente do Conselho Federal de Economia, Antônio Corrêa de Lacerda.
Durante a entrevista, Mantega ainda declarou que mais importante que a definição da política econômica é mais importante que o nome do ministro. Ele disse que, no governo Bolsonaro, a pessoa que comanda o ministério poderia ser mais relevante já que, na visão do ex-ministro, o atual presidente não entende de economia. Lula, por outro lado, entende.
— Eu sou assessor dele desde 1993, nós discutíamos a economia, fazíamos seminário. Então o Lula entende de economia. Tem essa diferença — disse — O presidente, ele é a favor do equilíbrio fiscal, ele sabe que se você acumular uma dívida enorme, o país quebra — acrescentou, indicando que o mercado pode ficar "tranquilo".
Mantega foi o mais longevo ministro da Fazenda e, entre 2003 e 2010, ocupou várias posições na área econômica. Ele comandou o extinto Ministério do Planejamento e presidiu o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O economista também foi ministro da Fazenda no primeiro mandato da então presidente Dilma Rousseff. Nessa época, executou a "nova matriz econômica", um modelo que, segundo críticos do PT, está na raiz da atual crise.