Em entrevista ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha, na manhã desta sexta-feira (7), o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), reeleito para novo mandato na Câmara no último domingo (2), voltou a questionar a transparência das eleições, mas defendeu a figura do pai como um “estadista” ao rebater acusações de rompimento democrático em caso de derrota ou vitória nas urnas.
O deputado foi o terceiro mais votado em São Paulo, com 741 mil votos. Ainda que não aponte ocorrência de fraude, disse ver “indícios estranhos” na apuração da votação presidencial.
— Indícios não são provas, mas são muito estranhos. A cada parcial simétrica, o Lula cresce sempre o mesmo percentual e o Bolsonaro desce sempre o mesmo percentual. Aquele gráfico que se formou ao final da apuração é muito estranho, porque de fato parece algo informatizado, que aparece de maneira metódica e sistemática. Agora, não creio que isso seja suficiente para dizer que houve ou não houve fraude — ponderou Eduardo.
Sobre uma possível vitória de Lula nas urnas, ele foi categórico ao dizer que não entregaria a faixa presidencial ao petista. Mas lembrou que o pai já deixou claro que aceitaria o resultado de uma eleição limpa e que não haveria problema em relação a isso.
— Acho que ele não deve entregar a faixa ao Lula, não. Eu, pelo menos, se fosse ele, não entregaria. Passar a faixa para uma pessoa notoriamente corrupta, condenada em três instâncias, que fez manobra jurídica para se candidatar. Eu jamais faria isso daí — disse o deputado.
E rebateu acusações de que, em caso de vitória de Bolsonaro, seria instaurada uma ditadura no país:
— Não faz qualquer sentido. Qual ato antidemocrático o presidente fez? Nenhum. A gente tem, sim, deputado federal preso por falar, mas quem mandou foi o Alexandre de Moraes, não o presidente. Temos sim imprensa fechada no Brasil, que foi o Terça Livre, mas não foi pelas mãos do presidente Bolsonaro. (...) Cadê esses caras organizando revolta popular armada? Não tem nada disso. Se existe uma ditadura no Brasil, certamente ela vem do Judiciário — afirmou o deputado.
O filho do presidente da República falou para a Rádio Gaúcha junto a Mateus Colombo Mendes, secretário de comunicação institucional do governo Bolsonaro e autor de livro que conta a trajetória do presidente. Eles analisaram o resultado das urnas, que deu vitória a Lula no primeiro turno com 48,3% dos votos, contra 43,2% de Bolsonaro. E fizeram mea culpa sobre a dificuldade da campanha do presidente em comunicar aos eleitores as dificuldades enfrentadas para governar.
Eduardo relaciona o desgaste do governo à pandemia e a outros fatores externos como a guerra entre Rússia e Ucrânia e à própria estiagem, que prejudicou fortemente o agronegócio.
— O governo começou com Brumadinho, afetou até o nosso PIB. Foram sucessivas tragédias econômicas que resultaram nesse desgaste. É muito difícil explicar isso para toda a população — disse o deputado.