Mal acalmaram-se os ânimos após debate acalorado que abriu a última semana de campanha antes do segundo turno, Onyx Lorenzoni (PL) e Eduardo Leite (PSDB) voltaram a se enfrentar nesta terça-feira (25), em Porto Alegre, em encontro promovido pelo jornal Correio do Povo e Rádio Guaíba. Novamente, o clima tenso entre os candidatos deu o tom do debate e tomou o teatro da Amrigs.
O encontro foi dividido em quatro blocos, mesclando perguntas pré-definidas e respondidas por ambos os candidatos e confrontos diretos de tema livre entre eles, com direito a réplica e tréplica.
Já na primeira etapa e assim como aconteceu nos debates anteriores, os ataques mútuos se repetiram a respeito do envolvimento de Onyx com caixa dois e do recebimento de pensão pelo ex-governador Eduardo Leite. Também voltaram ao episódio envolvendo o deputado Bibo Nunes, que gerou polêmica ao afirmar que universitários mereciam ser queimados.
Leite voltou a cobrar manifestação do adversário sobre o caso e a questionar se Bibo Nunes fará parte do governo Onyx caso seja eleito. O candidato do PL citou a publicação de uma nota pública e devolveu a provocação perguntando sobre a participação do PT em um eventual governo tucano, após nota do partido petista recomendando voto crítico em Leite no segundo turno:
— Quantas secretarias o senhor vai dar ao PT? Maria do Rosário será sua secretária da Segurança? Edegar Pretto será o seu secretário da Agricultura? Foi esse o acordo que você fez?
— O PT não participará do nosso governo, já colocou em sua nota. E Bibo Nunes, será seu secretário? — devolveu Leite.
No segundo e no terceiro blocos, Onyx e Leite responderam a perguntas específicas sobre saúde formuladas pela Associação Médica do Rio Grande do Sul (Amrigs). Onyx disse que haverá servidores técnicos na construção de um novo IPE Saúde com reorganização da estrutura e das contas da instituição. Ele citou falta de repasses pela gestão atual, mencionou a condição precária de alguns hospitais e falou da necessidade de mais leitos para internações, por exemplo.
Na sua vez, Leite aproveitou para recuperar ações feitas no seu governo, como reorganização do modelo de atendimento e acordo com municípios para quitação de dívidas e expansão na área da saúde nestes locais. O tucano também citou a necessidade de se rediscutir o modelo contribuitivo da instituição.
A troca de farpas seguiu com a retomada das perguntas diretas entre os candidatos, em debate pouco propositivo. As acusações de oportunismo político e inverdades seguiram até o fim e partiram dos dois lados, com Leite se referindo a Onyx, repetidamente, como uma "usina de mentiras" e Onyx acusando Leite de estar "apoiado pelo Foro de São Paulo" (organização que reúne partidos e organizações de esquerda).
Um dos ápices do confronto se deu em diálogo travado entre os candidatos, já no fim do debate, no qual Leite perguntava a Onyx qual seria a sua alternativa ao Regime de Recuperação Fiscal, que o candidato do PL diz que irá rever. A sequência retrucada que durou cerca de um minuto terminou sem resposta.
Debate esquenta
No quarto e último bloco, os candidatos tiveram 12 minutos para falar sobre temáticas de suas escolhas, sem interferência da mediação e com liberdade para interrupções. Os ataques se intensificaram nesta etapa, com agitação da plateia que assistia, formada majoritariamente por representantes de ambas as campanhas.
Eduardo Leite abriu a rodada lendo uma manifestação elogiosa ao seu governo proferida pelo ministro da Economia do governo Bolsonaro, Paulo Guedes, aliado de Onyx. Entre uma série de novos ataques, o tucano cobrou o adversário sobre a ausência de propostas no debate.
Onyx, por sua vez, voltou a criticar a atuação do governo Leite na pandemia, “trancando pais e mães em casa” e fechando escolas. Enquanto Onyx provocava se Pedro Hallal (professor da UFPel que protagonizou decisões de contenção à covid-19 e recentemente filiado ao PT) faria parte de um eventual governo, Leite voltava a perguntar sobre Bibo Nunes como parte de um novo secretariado. Os pedidos por votos fecharam as considerações finais.
Este foi o sexto debate entre Onyx e Leite na corrida que definirá o próximo governador do Rio Grande do Sul. A mediação foi do jornalista Guilherme Baumhardt. Ainda nesta terça-feira (25), os candidatos voltam a debater ideias, às 18h, em encontro promovido pela TV Record RS.