Faltando apenas nove dias até o primeiro turno das eleições, os candidatos à Presidência da República tentam ampliar o seu eleitorado. Com esse objetivo, os quatro concorrentes mais bem cotados nas pesquisas — pela ordem, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Jair Bolsonaro (PL), Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) — cumpriram suas respectivas agendas de campanha nesta sexta-feira (23) com reuniões, visitas e comícios.
Confira, abaixo, como foi o dia dos candidatos à Presidência da República.
Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
O petista foi a Minas Gerais nesta sexta-feira. Por lá, ele concedeu, na cidade de Ipatinga, uma entrevista coletiva. Na conversa com a imprensa, ele justificou a sua ausência no debate do SBT neste sábado (24) por conflitos de agenda e a chegada de Padre Kelmon (PTB) no programa. Segundo Lula, para participar do debate, ele teria de estudar melhor o adversário lançado pelo PTB no início de setembro para substituir o ex-deputado Roberto Jefferson, após a decisão sobre a sua inelegibilidade. O petista também pediu votos para Alexandre Kalil (PSD), que faz parte de sua coligação, mas evitou criticar o atual governador de Minas, Romeu Zema (Novo).
Lula ainda reforçou que confia nas urnas eletrônicas e que Bolsonaro, seu adversário direto na corrida eleitoral, coloca em xeque o processo democrático brasileiro pois "sabe que vai perder". Em comício na cidade, Lula se emocionou ao ver o aliado Chico Ferramenta (PT) em cima do palco, mesmo debilitado. O petista ainda disse que, ao contrário de Bolsonaro, vai respeitar todos os governadores do Brasil para, assim, retomar obras importantes. O candidato ainda prometeu formalizar os trabalhadores informais para dar direitos a essas pessoas, além de criar uma política de financiamento para micro e pequenos empreendedores. "Esse país precisa de emprego", disse Lula, que ainda afirmou que, em seu governo, consertou o país e, agora, pretende voltar para "cuidar" do povo, dizendo que "ninguém gosta de ser pobre" e que não é possível que tenha gente passando fome no Brasil.
Jair Bolsonaro (PL)
Também em Minas Gerais, Bolsonaro começou a sua agenda com uma motociata em Divinópolis. Depois, ele foi para um comício na Praça do Santuário, onde disse que, se for reeleito, terá direito a indicar dois novos ministros ao Supremo Tribunal Federal (STF) em 2023 e que posição contrária ao aborto será critério para a escolha dos nomes. Bolsonaro ainda disse que o povo está tendo a sua "liberdade ameaçada" pela instituição e que é preciso "botar um ponto final nesse abuso". No ato, o presidente voltou a afirmar que vencerá a eleição em primeiro turno, pois, segundo ele, seus comícios reúnem mais pessoas do que os dos adversários. "Nós somos a maioria", afirmou o candidato do PL.
Após os compromissos em Divinópolis, o avião em que Bolsonaro voltava para Belo Horizonte precisou arremeter no Aeroporto da Pampulha. Quinze minutos depois, o presidente desembarcou com segurança e partiu para Contagem, onde participou do evento Mulheres pelo Brasil, que também contaria com a presença da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, mas que não compareceu. No encontro, que teve muitas pregações religiosas por parte de pastores evangélicos, Bolsonaro buscou se aproximar do público feminino e ainda afirmou que recebeu as "perguntas mais esquisitas" dos adversários, inclusive sobre imóveis comprados por sua família com pagamentos em dinheiro vivo, no debate do SBT, no sábado (17), mas garantiu que "nenhuma ficará sem uma resposta calcada na verdade". Ele ainda disse que é uma "covardia" com a sua família.
Ciro Gomes (PDT)
O único compromisso da agenda do pedetista nesta sexta-feira foi um encontro com representantes da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), em São Paulo. Na reunião, o candidato recebeu um documento que apresenta propostas para melhorar as infraestruturas e as operações nas diversas modalidades de transporte.
Após o encontro, Ciro concedeu entrevista a jornalistas, disparando ataques a Lula. O pedetista criticou a ausência do concorrente no debate no SBT, afirmando que o petista deve estar "de salto alto", não tem o que dizer ou tem "muito que esconder". Ciro ainda alegou que Lula está "rancoroso" e tem desejo de "se vingar do povo brasileiro". Mais uma vez, o pedetista disse que existe "um fascismo de direita e de esquerda" no Brasil, criticando a campanha de "voto útil".
Simone Tebet (MDB)
A candidata emedebista visitou na manhã desta sexta-feira o Centro de Treinamento Paraolímpico, na Vila do Encontro, em São Paulo. Por lá, Simone afirmou que quer espaços de inclusão de excelência para as pessoas com deficiência em cada capital do país e afirmou que "o Brasil não pode ter invisíveis e tem que acolher e abrigar todas as pessoas". Em conversa com jornalistas, declarou que o seu programa de governo é o "mais inclusivo", pois colocou essa questão como "eixo principal".
A senadora ainda enfatizou que não tem estratégia para a reta final da campanha, uma vez que ela é a mesma sempre e, além disso, voltou a criticar a polarização, o "voto útil" e ainda comemorou que a sua chapa, entre as quatro mais bem ranqueadas nas pesquisas, é a que tem menor rejeição. Simone ainda ressaltou a importância do debate e disse que é "covardia" se algum candidato não comparecer ao embate no SBT, neste sábado (24). Pela tarde, ela ainda realizou uma visita à Universidade Zumbi dos Palmares, no Bom Retiro. No local, ela defendeu a igualdade e afirmou que o Brasil precisa reconhecer que seu povo é majoritariamente negro, além de assumir "que o racismo no Brasil é estrutural" e que "só se acaba com o racismo modificando a cultura de um povo".