A voz nem de longe se assemelha a de um ser humano e repete durante o tempo todo: "Você está votando para deputado federal". O anúncio é o do primeiro cargo a ser escolhido pelos eleitores no próximo dia 2 de outubro, e as pessoas cegas ouvirão a mensagem em fones de ouvido.
Conforme a assessora de Planejamento Estratégico Institucional do Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul (TRE-RS), Magda Stoll Andrade, fones descartáveis serão oferecidos ao eleitor que solicitar a audiodescrição.
— A voz da urna eletrônica será acionada no momento em que a pessoa com deficiência visual se dirigir ao equipamento para escolher seus candidatos. É importante salientar que a máquina em nenhum momento transmite áudio sem os fones fornecidos. O áudio ficará somente no ouvido de quem estiver votando — ressalta.
A utilização de fones não é exatamente uma novidade nas urnas eletrônicas, que já contam com a descrição do cargo a ser escolhido desde 2000 — informado por audiodescrição aos deficientes visuais. As teclas em braile são um pouco mais antigas, de 1996. A novidade nas eleições de 2022 é a oralização do nome do candidato após a repetição do número digitado (confira no vídeo acima).
A atualização no software das urnas não beneficia somente os eleitores cegos: este pleito marca também o início do recurso de interpretação em Língua Brasileira de Sinais (Libras) nos mais de 500 mil equipamentos espalhados pelo país, facilitando a vida dos deficientes auditivos. Uma intérprete informará ao eleitor para qual cargo ele irá votar.
— É importante frisar que a imagem sobreposta da intérprete na tela estará em todas as urnas do país, mas de forma alguma irá interferir no voto dos cidadãos — afirma Magda.
Atenção aos prazos
O dia 18 de agosto é a data-limite para que pessoas com deficiência solicitem alteração do local de votação para outro com maior acessibilidade — como rampas para cadeirante, piso tátil, elevadores, além de dimensões maiores dos acessos. No mesmo prazo, pessoas cegas que não informaram a deficiência no momento de fazer o título eleitoral podem solicitar os fones de ouvido.
Os pedidos devem ser feitos pelo eleitor com deficiência, um curador, apoiador ou procurador da pessoa, diretamente no cartório eleitoral, munido de um documento com foto, para então preencher um formulário com os pedidos e para qual ou quais turnos ele deseja a mudança.
Além disso, o dia 18 é também o limite para quem estiver fora do domicílio eleitoral durante a realização das eleições solicitar o voto em trânsito, desde que esteja em uma capital ou cidade com mais de 100 mil habitantes.
Aquelas pessoas que estiverem fora de sua cidade, mas no mesmo Estado, poderão votar para todos os cargos. Já aquelas que estarão em outro Estado poderão votar apenas para o cargo de presidente da República.
— Não há possibilidade de escolha de outros cargos, pois não existe uma maneira de votar nos candidatos para os demais cargos, pelo fato de ser local — relembra Magda.
Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) indicam que, entre os mais de 156 milhões de brasileiros aptos a escolher deputado estadual, federal, senador, governador e presidente da República, cerca de 1,2 milhão declararam ter alguma deficiência ou possuem mobilidade reduzida.
O TSE aponta um eleitorado de mais de 60 mil gaúchos com deficiência ou mobilidade reduzida, enquanto em Porto Alegre o total é de pouco mais de 5 mil.