Embora a votação de Jair Bolsonaro tenha sido de mais de 3,3 milhões de votos no Rio Grande do Sul, a festa do eleitorado foi tranquila em um dos seus principais pontos de encontro, a Avenida Goethe nas cercanias do Parque Moinhos de Vento, em Porto Alegre.
O trânsito não chegou a ser interrompido, e o público de famílias sentadas envoltas em bandeiras do Brasil cantarolava tranquilo jingles, como o “muda Brasil, muda de verdade”, sorridente e otimista sobre o segundo turno.
O principal fato comemorado foi a formação de robustas bancadas na Assembleia e na Câmara pelo PSL:
- Disse que iríamos dar tiro de canhão na esquerdalha! Elegemos quatro deputados estaduais e dois federais. Isso é histórico! - dizia o animador do carro de som, onde estava o deputado eleito Ruy Irigaray.
Rafael Queiroz, microempresário de 40 anos, era um dos mais animados. Em determinado momento, chamou os amigos para interromper o trânsito da Goethe e fazer o sinal de dedos como armas para o alto, marca de Bolsonaro.
- A eleição ficou polarizada não entre esquerda e direita. Ficou polarizada entre um bando de vagabundos, corruptos, investigados com processo e um policial, um militar, um cara decente. E vagabundo não costuma gostar de polícia porque polícia é ordem - declarou Rafael.
O discurso duro contra os adversários e carinhoso com “o capitão” se repetia entre simpatizantes como o casal Nadir Crestani e Lena Crestani, de 76 e 72 anos. Lena reclamava de fraude na eleição.
- Tudo bem perder se for com lisura, mas recebi vídeos de urna fraudada. Minha irmã, em Santa Catarina, viu uma mulher sendo chamada de coxinha pela mesária. Pode isso? Se houver segundo turno, defendo que seja impresso.
Sentada no gramado do Parcão, a médica Adriana Rojas, 51 anos, conta com Bolsonaro para “lutar contra o bolivariasmo” no país. Ela não se sentiu representada pelo movimento #EleNão:
- Acho que a maioria das mulheras tem força para decidir por si só. Aquele movimento não foi representativo e muitos líderes nem eram mulheres. Quem domina sua casa, sua profissão, tem capacidade para decidir que o melhor para o país é o candidato da família.
Em meio à maioria de trajes verde-amarelos, um grupo de cerca de 15 homens circulava com camisetas negras com uma arma apontada estampada. Trata-se do movimento Armas S.A., que defende o fim do estatuto do desarmamento. Questionado se ninguém considera a estampa agressiva, o autônomo Augusto Fernandes, 41 anos, contemporiza:
- Não é assim. Defendemos o direito às armas para a defesa pessoal depois de receber treinamento adequado e tudo mais. Mas o principal na escolha do Bolsonaro como candidato não é isso, é que ele representa a limpeza que o Brasil precisa.