O candidato do PDT ao Piratini, Jairo Jorge, que conquistou 11% dos votos válidos no domingo (7), defende que o partido construa uma aliança de segundo turno, descartando a postura de neutralidade aventada por integrantes da cúpula estadual. Segundo Jairo, o indicado é o “apoio crítico”, que pode ou não vir acompanhado de participação no governo. A definição, que divide opiniões entre os pedetistas, será debatida em reunião da executiva estadual às 11h desta terça-feira (9).
— Temos que nos posicionar. O apoio crítico vai se colocar porque obviamente tínhamos uma proposta e um projeto que a população não escolheu. Neutralidade ou voto nulo não tem a ver com democracia. Defendo o apoio crítico, porque tínhamos críticas a ambas candidaturas. Vamos avaliar a que temos mais e menos afinidade — diz Jairo, prevendo que a oficialização ocorra até quinta-feira.
O PDT integrou o governo de José Ivo Sartori (MDB) por três anos, tendo saído em abril de 2017 para construir a candidatura própria. O objetivo do MDB gaúcho é refazer a aliança com os pedetistas no segundo turno.
O presidente estadual da legenda, Pompeo de Mattos, abre espaço para neutralidade ou apoio crítico, mas é enfático em dizer que o PDT deve ser oposição a quem conquistar o governo do Estado:
— Pode ser que o partido libere, pode ser que apoie de maneira crítica. Se depender de mim, prefiro que o PDT não componha nenhum governo, que a gente seja oposição madura e responsável.
Um dos principais entraves para a construção de uma aliança é que Sartori e Leite defendem projetos de privatização de estatais — proposta duramente combatida pelos pedetistas.
— Não concordamos com a privatização da CEEE, da Corsan, do Banrisul. Como vamos apoiar um projeto que apoia aquilo que não queremos? — indaga Pompeo.
Ciro Simoni, vice-presidente da legenda, e o deputado estadual reeleito Eduardo Loureiro defendem a neutralidade, tese mais comum na base do partido.
— Não tem como apoiar nem um nem outro. Muito difícil. Saímos do governo Sartori justamente pelas divergências com privatizações — diz Simoni.
Uma das variáveis que pesará na decisão do PDT é o apoio aberto de Sartori – ou discreto de Eduardo Leite (PSDB) – a Bolsonaro.
— A decisão passa pela voz do Jairo Jorge. Vejo com muita dificuldade (apoiar uma coligação pró-Bolsonaro). Hoje, quem apoia Bolsonaro é oportunista, que não sabe o que foi ditadura militar. Claro que isso (apoio do MDB gaúcho a Bolsonaro) não ajuda. Agora, a óptica regional tem que falar mais alto. Jamais apoiaremos Bolsonaro — apontou Carlos Lupi, presidente nacional do PDT, acrescentando que outra dificuldade é “encontrar alguma diferença entre Sartori e Leite”.