Terceiro colocado no primeiro turno da eleição presidencial, Ciro Gomes (PDT) teceu duras críticas ao PT e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em entrevista publicada nesta quarta-feira (31) pelo jornal Folha de S.Paulo. Após se abster no segundo turno e ter viajado para a Europa – ações pelas quais foi taxado de “egocêntrico” por alguns eleitores –, Ciro negou que tenha “lavado as mãos” e afirmou que foi “miseravelmente traído” por Lula e “seus asseclas”.
— Não declarei voto ao Haddad (no segundo turno) porque não quero mais fazer campanha com o PT — disse.
Na entrevista, Ciro criticou a atuação do PT para impedir o apoio do PSB à sua candidatura – que acabou por isolar o pedetista na corrida à Presidência. Ele também afirmou ter considerado um insulto o convite de Lula para ser seu vice, no lugar de Fernando Haddad.
— (Não aceitei) Porque isso é uma fraude. Para essa fraude, fui convidado a praticá-la. Esses fanáticos do PT não sabem, mas o Lula, em momento de vacilação, me chamou para cumprir esse papelão que o Haddad cumpriu. E não aceitei. Me considerei insultado — declarou.
Após o resultado das urnas, Ciro se prepara para uma nova campanha a partir de 1º de janeiro. Ao não declarar apoio a Haddad, o pedetista tenta levar adiante o seu projeto de se consolidar como uma nova liderança do "campo progressista", que hoje tem o PT à frente, aproveitando o capital político conquistado neste ano. Ciro teve 13,3 milhões de votos, o equivalente a 12,5% do total no primeiro turno.