São enganosos os posts nas redes sociais afirmando que o candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) tem 61% das intenções de voto e, portanto, seria vitorioso no primeiro turno da disputa presidencial. As postagens baseiam-se em cálculos do PollingData, que não faz pesquisa de intenção de voto. Na realidade, o site projeta o resultado da eleição baseado em pesquisas de diversas empresas.
Os posts enganosos usaram a projeção que o site fazia na manhã de terça-feira (18). Naquele momento, de acordo com o PollingData, a probabilidade de Bolsonaro ganhar a eleição era de 61%. Porém, não exatamente no primeiro turno.
Como o cálculo muda conforme a divulgação de novas pesquisas, as projeções do PollingData estavam diferentes na quarta-feira. À tarde, a probabilidade de Bolsonaro vencer a disputa presidencial era de 54%, contra 37% de Fernando Haddad (PT), 8% de Ciro Gomes (PDT) e 1% de Marina Silva (Rede).
A probabilidade de a eleição terminar no primeiro turno com uma vitória de Bolsonaro era de 5%. Para que a disputa acabe já em 7 de outubro, o primeiro colocado precisa obter metade dos votos válidos mais um. A probabilidade de isso não acontecer e ocorrer segundo turno era de 95%.
Os cálculos do PollingData indicavam que, havendo segundo turno, Bolsonaro tinha 100% de probabilidade de estar nele. Já a probabilidade de Haddad chegar ao segundo turno era de 84%. Ciro tinha 14%, Marina 2% e Geraldo Alckmin (PSDB) 1%.
O PollingData usa o "modelo de agregação" como método de cálculo das probabilidades de vitória na eleição. O modelo leva em conta os resultados de pesquisas eleitorais, dando pesos diferentes a cada uma de acordo com elementos como margem de erro e distância da data das eleições – quanto mais perto do pleito, maior o peso do levantamento no cálculo. Trata-se de um conjunto de médias ponderadas.
Neale Ahmed El-Dash, doutor em estatística pela Universidade de São Paulo (USP) e responsável pelo PollingData, afirmou ao Comprova que alimenta os cálculos com dados de pesquisas agregadas pelo site Poder360. O "Agregador de Pesquisas" do Poder360 reúne as pesquisas feitas por empresas como Datafolha, Ibope e DataPoder360.
El-Dash frisa que o "modelo de agregação" não foi desenvolvido com a intenção de se fazer previsões e que não há como prever fatos que mudem a história da campanha eleitoral e alterem o comportamento do eleitor.
Os posts enganosos foram replicados por apoiadores de Bolsonaro no Facebook e no Twitter. No Facebook, umas das postagens reproduzia o título equivocado do site Notícias inFoco: "Bolsonaro está com 61% dos votos e assusta oposição". A postagem enganosa gerou 38 mil interações, de acordo a ferramenta de monitoramento Spike Newswhip.
Enganoso
Postagens em sites na internet e em redes sociais tratam probabilidade de candidato vencer a eleição como intenção de voto.
Projeto Comprova
Este texto foi originalmente publicado no site do Projeto Comprova. A evidência foi checada pelo veículo parceiro UOL.
O Comprova é um projeto que reúne jornalistas de 24 diferentes veículos de comunicação brasileiros, incluindo GaúchaZH, para descobrir e investigar informações enganosas, inventadas e deliberadamente falsas durante a campanha presidencial de 2018.
