O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, aceitou nesta segunda-feira (27), comandar o PSDB. O novo presidente da legenda será oficialmente definido na convenção nacional do partido, marcada para o próximo dia 9, em Brasília.
O senador Tasso Jereissati (CE) e o governador de Goiás, Marconi Perillo, desistiram da disputa e, com o gesto, abriram caminho para Alckmin assumir a legenda, buscar a unificação da sigla e fortalecer seu nome como eventual candidato à Presidência da República em 2018.
— Ambos (Tasso e Perillo) disseram que abririam mão se eu tivesse disposição de participar do processo de escolha. Eu agradeci a generosidade e o desprendimento. Se meu nome puder unir o partido, como vigoroso instrumento de mudança para o Brasil, é o nosso dever — disse Alckmin após jantar no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, com Tasso, Perillo e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
A articulação para evitar uma disputa interna entre a ala dos "cabeças pretas" — representada por Tasso e crítica ao presidente Michel Temer — e a dos "cabeças brancas" — de Perillo, que defende o peemedebista — foi coordenada por FHC.
A movimentação pró-Alckmin busca uma solução para o impasse que quase levou o PSDB à implosão após o presidente licenciado, Aécio Neves (MG), destituir Tasso do comando interino da legenda e substituí-lo pelo ex-governador Alberto Goldman.
Diante da insistência dos jornalistas sobre se sua declaração significava a aceitação do cargo, o governador respondeu: "Topo".
— Se for esse o caminho para unir o partido, nosso nome está à disposição — afirmou Alckmin.
O governador foi questionado também sobre sua posição em relação ao desembarque do PSDB da gestão Temer.
— Minha posição nunca mudou. Sempre achei que não devia ter entrado, mas a decisão majoritária na época foi outra — afirmou.
Entre os tucanos uma aliança com o PMDB não está descartada, mas uma eventual defesa do governo na campanha é uma questão que ainda divide o partido. Apesar do posicionamento de Alckmin, o Palácio do Planalto, com o acordo que vai evitar um confronto pelo comando do PSDB, vê agora brecha para uma possível composição eleitoral no próximo ano.
Temer articula uma frente de centro-direita para defender sua gestão e tentar isolar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A aliança seria formada pelo PMDB e mais seis partidos, incluindo o PSDB — mas Alckmin, à frente do partido, terá de se reaproximar do partido de Temer.
Realinhamento
No momento, porém, o PSDB busca um realinhamento interno.
— Minha decisão foi uma maneira de pacificar o partido — disse Tasso, pouco antes do encontro nos Bandeirantes.
Questionado sobre o espaço que o grupo de Aécio deve ter na composição da Executiva tucana, ele criticou a ala do senador mineiro.
— Espero que alguns setores do partido não tenham participação nenhuma, porque foram os responsáveis pela falta de credibilidade do PSDB — afirmou.
Perillo já havia indicado que aceitaria uma candidatura de consenso e bateu o martelo anteontem em um encontro com Alckmin.
— Vou abrir mão para preservar a unidade do partido — disse Perillo.
O governador goiano afirmou que "não vê problema" de a legenda defender o "legado de coisas que estão sendo bem feitas" no governo Temer.
Segundo dirigentes tucanos, uma das possibilidades é Perillo assumir a primeira-vice-presidência nacional e ter papel de destaque na montagem dos palanques estaduais do PSDB em 2018. Tasso negou ter interesse em participar da Executiva.
Mais cedo, o prefeito de São Paulo, João Doria, também disse que "Geraldo é um nome pacificador". Questionado durante fórum promovido pela revista Veja sobre as eleições de 2018, disse que "tem muita água pela frente ainda".
— Quem tem de dizer é a população (sobre uma eventual candidatura sua ao Planalto), o eleitor é quem decidirá se um candidato pode disputar — afirmou. — O Brasil precisa de uma candidatura de centro.
Assim como ocorreu com Aécio em 2014, Alckmin poderá disputar o Planalto em 2018 na condição de presidente do partido.