As cidades inteligentes, também conhecidas como Smart Cities, são centros urbanos que usam a tecnologia para melhorar a eficiência do serviço público, conforme explica a professora da Universidade de Caxias do Sul, coordenadora do City Living Lab, grupo de pesquisa vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Administração (PPGA) da UCS, Ana Cristina Fachinelli Bertolini.
Além disso, com o passar dos anos, o conceito vem evoluindo para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos, trabalhar a sustentabilidade e o uso eficiente dos recursos públicos.
— Uma cidade inteligente foca na integração de vários tipos de sistemas de dados, tipo sensores, conectividade, que vão ajudar a monitorar a eficiência da mobilidade urbana, do uso da energia, saúde, segurança pública, gestão de resíduos. Na verdade, é um conceito integrador e interativo que busca melhorar as respostas aos desafios urbanos — explica Ana.
A professora destaca ainda que, antes de colocar em prática o projeto para uma Smart Cities, é preciso pensar em três elementos: dados, propósito e comprometimento.
— Os dados serão a base para que as decisões sejam mais concretas. O propósito vai dar clareza e direção para todo esforço que for realizado nesse sentido e o comprometimento vai garantir uma execução durável para se alcançar os objetivos que se esperam. Então é necessário ter esses três pontos para daí fazer sentido esses outros cinco tópicos (leia abaixo) — frisa.
Recentemente, Caxias do Sul passou da posição 74 para a colocação 52 no levantamento de 2023 no ranking Connected Smart Cities — estudo desenvolvido pela consultoria Urban Systems, composto por 11 eixos temáticos e 74 indicadores com o objetivo de apontar o estágio da organização e do funcionamento das cidades brasileiras a partir de 50 mil habitantes para seu desenvolvimento inteligente, sustentável e humano. Fazem parte do ranking 656 cidades brasileiras.
Além disso, Caxias recebeu o selo de boas práticas na categoria bronze. No entanto, Caxias do Sul ainda precisa trabalhar muito mais para se tornar uma cidade inteligente. A coordenadora do City Living Lab elenca cinco eixos que podem ajudar o município a evoluir nessa questão.
Uma proposta para o futuro
1. Tecnologia e Conectividade
"É o básico e é operacional para a cidade poder acontecer e existir nesse modelo de cidade inteligente. Tem que integrar a tecnologia para coletar, compartilhar e analisar dados em tempo real. Isso vai facilitar os serviços públicos. Por exemplo, agora, tudo isso que a gente está vivendo, com a questão das queimadas, a cidade poderia ter sensores que medem qualidade do ar, que medem partículas no ar, e disponibilizar em um painel, onde qualquer cidadão poderia olhar e ver como é que está a qualidade do ar da cidade."
2. Sustentabilidade Ambiental
"O foco tem que ser em gerenciar melhor o consumo de recursos naturais para que a cidade exista. Melhorar a eficiência energética, promover práticas sustentáveis, uso de energias renováveis e gestão inteligente de resíduos. Por exemplo, poderia existir sensores nos contêineres de lixo que avisam os níveis de lixo naquele contêiner e esse dado seria enviado para o caminhão da coleta. Tudo isso é uso da tecnologia para a eficiência desse serviço."
3. Mobilidade Urbana
"O uso de soluções tecnológicas para melhorar o trânsito, o transporte público e a mobilidade como um todo. Por exemplo, sensores que identificam o movimento de veículos, então o semáforo liberaria ou não o trânsito e com isso, se comunicando com outro sensor em outra esquina, com outro semáforo, se conectando e ajudando a dar fluxo para o trânsito."
4. Cidadão no centro do processo
"Uma cidade inteligente tem mecanismos para que os cidadãos participem tanto no planejamento como na gestão da cidade, por meio de plataformas digitais, por meio de soluções interativas que façam com que haja uma maior transparência e colaboração no desenvolvimento das estratégias para a cidade."
5. Foco na qualidade de vida
"Tudo que se faz em termos de cidade inteligente, esse uso das tecnologias, enfim, é para melhorar o bem-estar das pessoas, para proporcionar mais segurança, mais saúde, mais acessibilidade à educação e à infraestrutura, para atender à necessidade do cidadão, da pessoa que vive a sua vida na cidade. Uma, a cidade inteligente vai combinar a inovação tecnológica, o planejamento estratégico e a participação cidadã para criar ambientes urbanos mais sustentáveis, eficientes e conectados. Esse é o caminho."