Um novo pedido de cassação contra o vereador Sandro Fantinel (sem partido) foi protocolado na Câmara de Caxias do Sul na última quinta-feira (4), e será votado na sessão desta terça-feira (9). Desta vez, o ex-vice-prefeito Ricardo Fabris de Abreu acusa Fantinel de quebra de decoro parlamentar após um áudio vazado, no qual o vereador chama Fabris de "filho da p...". Para ser aberto o processo, é necessário voto favorável da maioria dos presentes. Fantinel já responde a outro processo de cassação também por quebra de decoro, após falas preconceituosas contra baianos em 28 de fevereiro.
Mesmo com outro processo em andamento, o novo pedido segue os ritos normalmente. Isso significa que o texto será lido na sessão desta terça, votado pelos presentes e, se aprovado, uma nova Comissão Processante será sorteada para investigar o caso. Como se trata de um documento externo, ou seja, não foi encaminhado por um vereador, o novo pedido tranca a pauta na Câmara e precisa ser o primeiro tema apreciado na primeira sessão após o protocolo. Esse novo pedido de cassação não pode ser anexado ou incluído no processo atual, pois se trata de outra natureza de acusação.
No áudio, Fantinel diz que Fabris foi "o maior transtorno que teve em Caxias do Sul até hoje". O vereador ainda afirma que teria que "descascar esse filho da p..." e que o ex-vice-prefeito "não vale nada". No pedido de cassação, não consta nem a data em que esse áudio teria sido gravado nem como foi compartilhado. Leia a transcrição:
"Oi gente, na próxima sessão eu vou descascar (inaudível) mas... mas... mas é pra ir pra... pra... pra comissão de ética, né. Mas eu vou chamar de tudo que é permitido de nome pra esse Fabris aí, porque o cara não vale nada, cara. Esse cara aí foi o maior transtorno que teve em Caxias do Sul até hoje. E te digo assim, ó, vamos ter apoio até de quem apoiou o Guerra (ex-prefeito Daniel Guerra, que foi cassado em 2019). Até daqueles nós vamos ter apoio. Mas tem que descascar esse filho da p..., cara, esse cara não vale nada. Nada. Esse cara aí foi a pior coisa que existiu em Caxias até hoje. O Guerra foi 50% do que esse cara foi."
Além do áudio, Fabris afirma ter sido ameaçado em um grupo de WhatsApp, intitulado "Os pic* bolsonaro 2022" e do qual o vereador faria parte. Em uma mensagem enviada neste grupo, Fantinel teria se referido ao ex-vice-prefeito, segundo o pedido. "A gente quer fazer as coisas, (mas) não pode. Se faz, o mesmo é processado, se continua teimando é impeachment. Porco dio, temo (sic) que resolver na bala, não vejo outro jeito", diz um trecho do conteúdo. A mensagem, em nenhum momento, faz menção ao nome de Ricardo Fabris.
Para o ex-vice-prefeito, o caso de Fantinel está relacionado com o processo de cassação aberto contra o vereador Lucas Caregnato (PT), que, na avaliação de Fabris, foi aberto como um "instrumento de barganha", enquanto deveria ter sido resolvido na Comissão de Ética da Câmara. Além disso, Fabris diz que as manifestações de Fantinel incentivam discursos de ódio, e este é o motivo de ter protocolado o pedido de cassação.
— Não dou importância para as ameaças dele. Não é ele o problema, o problema é que a atitude dele, esse discurso de ódio difundido em rede social, estimula seguidores e gente maluca à violência, e isso é intolerável. Ele é um bravateiro. Acontece que ele divulga isso (o áudio e as mensagens) para milhares de pessoas e coloca a minha integridade física e a da minha família em risco. Essa é a questão. Não vou ignorar e me encolher por causa disso. Esse tipo de gente tem que ser enfrentada e eliminada da vida política do país — argumenta Fabris.
À reportagem, Fantinel afirmou que não iria se manifestar para "não criar um fato novo", conforme instrução dos seus advogados.