Neste domingo começa um novo ciclo, novos governos no país e no Rio Grande do Sul. No caso do Estado, é uma reeleição, mas também um novo marco temporal, um divisor entre momentos e etapas cumpridos pelo governo estadual. E os desafios e o mandato colocados para o governador que reassume, Eduardo Leite (PSDB), é de consolidar as melhorias da qualidade de vida do povo gaúcho.
No caso do país, o ciclo é inteiramente novo, com demarcação clara de diferenças entre o governo que sai e o governo que entra, no estilo, nos compromissos, no foco das políticas públicas, na amplitude dos apoios e do compromisso democrático, o que o futuro presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, tenta materializar em um ministério amplo, que integre setores e representação da população além do PT, o partido do governo.
Em comum nas duas esferas de governo, e objetivo a ser perseguido pelos novos governantes, estão o atendimento das demandas das populações gaúcha e brasileira, o interesse público, o respeito à Constituição, o combate à corrupção, condições dignas de vida para a população, acesso a oportunidades e serviços, promoção do desenvolvimento sustentável.
Fica claro o novo momento que se inaugura, no Estado e no país. Dessa forma, o Pioneiro buscou a visão de lideranças da Serra sobre suas expectativas para os próximos quatro anos no RS e no Brasil e o que esperam dos governados comandados por Lula e Eduardo Leite. A reportagem ouviu oito lideranças. Confira os seus depoimentos.
O que dizem as lideranças regionais
Germano Rigotto, ex-governador
Sobre o estado: "Que o Rio Grande continue realizando as reformas estruturais em andamento, possibilitando o enfrentamento de seus problemas fiscais e que, com isso, pavimente um desenvolvimento duradouro."
Sobre o país: "Espero que tenhamos um 2023 com mais harmonia e com o país pacificado. Que o Brasil caminhe na direção de um desenvolvimento sustentável, com o enfrentamento das suas desigualdades e com responsabilidade fiscal."
Valdir Walter, presidente da UAB, a União das Associações de Bairros
Sobre o estado: "Na eleição tive o prazer de conhecer pessoalmente (Eduardo Leite). Me surpreendi, uma pessoa simples, escuta as pessoas, tomou café na periferia. Apostamos que o Estado está em boas mãos, já deu uma demonstração, esperamos que dê continuidade no bom trabalho que fez na sua gestão, e tenho certeza que o Rio Grande está na rota de crescimento. Em fevereiro, já está alinhada uma reunião com ele para fazer algumas reivindicações."
Sobre o país: "Estamos apostando em um ótimo trabalho, principalmente para o social, porque o país está atravessando um momento muito difícil, principalmente para as pessoas de baixa renda, que são as que mais sofrem. Estamos muito otimistas que será um grande governo, que trabalhará com todas as classes sociais. Tem que olhar urgente para a educação, saúde, segurança. São pilares deste país, apostamos e acreditamos num ótimo governo."
Fabiano Feltrin, prefeito de Farroupilha
Sobre o estado: "Temos a sequência de um governo que fez as principais reformas para termos as condições de voltar a investir. Agora, com mais maturidade e com mais consciência das necessidades da sociedade, nós teremos mais investimentos em duas áreas fundamentais, a educação e o desenvolvimento econômico. Investiu-se muito em saúde, área que teve grande evolução e melhora, mas agora será preciso estar atento para não mais perdermos empresas para outros Estados, resgatando a economia do RS e, consequentemente, melhorando a educação. São dois pontos-chaves para que o Estado, alinhado com o governo federal, não seja afetado pelas dívidas com a União, intervindo em seus investimentos."
Sobre o país: "A democracia no Brasil deve ser respeitada, assim como a liberdade de expressão, para que mantenhamos, sobretudo, o cumprimento da lei. Na parte política, teremos um momento de grande fiscalização com relação às decisões e ações públicas, o que dará ao Brasil grande credibilidade internacional, resultando em bons negócios internos e externos. Com relação à economia, é perceptível que teremos mais investimento na construção civil, setor que mais gera empregos e renda. Além disso, o turismo viverá um momento incrível, tanto no RS como no Brasil inteiro, a partir da oportunidade de crescimento gerada com o período de pandemia."
Paula Ioris, vice-prefeita de Caxias do Sul
Sobre o estado: "Primeiro, ressaltar a importância da reeleição como forma de dar continuidade. Foram feitas reformas estruturais que permitiram investimentos necessários. Como expectativas: o orçamento é negativo, assim, o desafio de uma gestão fiscal responsável permanece. Ações fortes na educação: zero evasão, contraturno e ensino médio profissionalizante. Na segurança, a continuidade do rigor no RS Seguro. Continuidade do trabalho alinhado aos municípios nas diversas políticas sociais, desenvolvimento econômico e inovação para a consolidação e transformação do nosso Estado."
Sobre o país: "Que o governo eleito tenha ações que possam mais unir do que continuar ou incentivar a divisão/polarização. Que seja responsável em enfrentar as reformas tão esperadas. Responsabilidade fiscal garante as políticas sociais. Que acabem com o orçamento secreto. É inadmissível essa falta de transparência com o dinheiro público, que está faltando nas políticas públicas básicas. Que faça valer a PEC recém aprovada que proíbe o encaminhamento de qualquer despesa ou retirada de receita aos Estados e municípios sem que haja a origem ou a compensação. Nos municípios, é onde a vida acontece, onde estão as necessidades, e precisamos de orçamento continuado."
Celestino Loro, presidente da CIC, a Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul
Sobre o estado: "Continuidade nas reformas e modernização do Estado. Ampliação do programa de privatização. Articulação em torno de obras federais. Conclusão da Rodovia do Parque, Aeroporto Regional (da Serra Gaúcha), porto de Arroio do Sal, ampliação do programa para atração de investimentos ao Estado."
Sobre o país: "Responsabilidade fiscal, redução da dívida pública, reforma administrativa, reforma tributária, inserção do Brasil em mercados internacionais relevantes, enxugamento do tamanho do Estado."
Adiló Didomenico, prefeito de Caxias do Sul
Sobre o estado: "Eduardo Leite, acredito que será um governo propositivo e que, apesar do momento financeiro difícil, vai continuar as reformas iniciadas, dando ao Rio Grande um novo patamar de desenvolvimento econômico e social. O povo gaúcho foi muito sábio na recondução do Eduardo Leite. Temos um canal de diálogo muito franco, e tenho certeza que continuará sendo parceiro atento às demandas de Caxias do Sul.
Sobre o país: "Presidente Lula, não foi meu candidato. Mas, diante do resultado das eleições, precisamos manter a relação mais republicana possível e torcer para que façam um bom governo, o que será bom para todos, especialmente para nosso município, que precisa de investimentos na saúde e infraestrutura."
Denise Pessôa, presidente da Câmara de Vereadores de Caxias do Sul
Sobre o estado: "A expectativa é de que o governo estadual, agora sob nova composição, sabedor de que sua vitória contou com o voto crítico das esquerdas, do sindicalismo, do movimento popular, possa ter uma nova postura. Espero que melhore a estrutura e modernize as escolas, bem como, valorize de verdade, os profissionais da educação, que haja o fortalecimento do Banrisul público e que a agricultura familiar tenha atenção especialmente no que se refere às questões referentes à seca."
Sobre o país: "Desejo que o país seja pacificado e que voltemos a ter diálogo entre os diferentes. Espero mais investimentos em saúde, em educação, em infraestrutura. Que o presidente Lula consiga retomar programas sociais, como Bolsa Família, Fies, Prouni, Ciências sem Fronteiras, Farmácia Popular etc. Em palavras simples, eu espero que a população consiga ter acesso a uma vida digna, com deveres e direitos respeitados. Que a desigualdade social diminua. Torço pra que ele, mais uma vez, tire o Brasil do mapa da fome no mundo."
Gelson Rech, reitor da UCS, a Universidade de Caxias do Sul
Sobre o estado: "Sou um otimista, não obstante as dificuldades políticas, sociais, econômicas e ambientais. Então, nesta perspectiva, no que concerne à ciência e à educação, confiamos que as políticas públicas do Estado serão favoráveis ao atendimento das demandas da comunidade científica e do ecossistema de inovação. Recentemente, fizemos uma reunião com os reitores das universidades comunitárias do RS com o governador eleito e o seu vice. Percebemos que há um claro posicionamento quanto à educação e, na educação superior, o Programa do Professor Transformador, voltado às licenciaturas e às universidades comunitárias, é uma evidência positiva."
Sobre o país: "Quanto ao governo federal, nossa instituição sempre teve bom trânsito, especialmente quanto às pautas de pesquisa e inovação. Também no nível federal, apostamos que haverá o fortalecimento dos programas de financiamento estudantil (Fies e Prouni) e de incremento no número de bolsas para mestrados e doutorados e os reajustes dos valores (promessa de campanha), bem como abertura de mais editais para pesquisa e inovação."