O discurso de manifestantes apoiadores do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante a sessão ordinária desta terça-feira (08) no plenário da Câmara de Vereadores de Caxias do Sul culminou em uma confusão entre o vereador Maurício Scalco (Novo) e o militante do PSOL Paulo César Duarte da Silva, 53 anos.
Logo após o espaço de Acordo de Líderes, em que discursou a diretora do Serviço Social do Comércio de Caxias do Sul (Sesc), Luciana Stello, sobre a 9ª Edição da Aldeia Sesc, duas mulheres começaram a cobrar responsabilidade dos vereadores pelos atos de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) em frente à sede do 3º Grupo de Artilharia Antiaérea (3º GAAAe), no bairro Rio Branco, que reúne manifestantes desde a última quarta-feira (2).
Neste momento, a presidente em exercício da Casa, vereadora Tatiane Frizzo (PSDB), suspendeu a sessão por alguns minutos, ato que foi repetido várias vezes nos trabalhos desta terça-feira. Durante a manifestação das duas mulheres, Paulo César invadiu a parte do plenário onde ficam os vereadores - o que não é permitido - e houve enfrentamento com Scalco sobre supostas ofensas enquanto filmava com um celular. Pelos vídeos obtidos pelo Pioneiro, houve algumas provocações verbais recíprocas e em reação. Quando Paulo César se aproximou, Scalco retirou o celular da mão do manifestante, que, por sua vez, tentou agarrá-lo de volta da mão do vereador.
Nessa hora, o manifestante foi contido por um assessor da Casa e o diretor-geral do Legislativo, Ricardo Barazzetti, tenta negociar com Scalco para que a devolução do aparelho. O celular foi entregue para Paulo César, que foi retirado da área do plenário exclusiva dos parlamentares.
De acordo com Scalco, a provocação iniciou por parte dos manifestantes, que chamavam alguns vereadores de “fascistas”.
— Esse senhor (Paulo César) estava exaltado desde o início. Ele simplesmente entrou me xingando, veio para cima de mim com a intenção de me agredir e eu não revidei. Eu senti que ele vinha com o celular para “me dar” no rosto, e eu peguei o celular para evitar isso. Eu logo devolvi. Eu não entendi a decisão dele de me escolher para isso, eu acho que ele queria brigar e me agredir — relata o parlamentar.
O vereador analisa junto a sua assessoria jurídica se irá prestar queixa na polícia.
O militante do PSOL afirma que ele e outros manifestantes foram acompanhar a sessão para cobrar dos vereadores sobre quem estaria financiando os atos na frente do quartel. Segundo Paulo César, alguns vereadores debocharam do grupo, os chamando de "vagabundos".
— Em um momento (durante a manifestação das duas mulheres), ele (Scalco) ofendeu a minha irmã. Fomos ofendidos e eu fui tirar satisfação. Ele pegou no meu braço e tirou o meu celular. Eu não estava agredindo ele, eu só tentei recuperar o meu celular — aponta Paulo César.
Ele informa que irá abrir um boletim de ocorrência junto à Polícia Civil por conta da situação. A maior preocupação no momento é em relação a possíveis ameaças que possa receber, visto que os vídeos já circulam nas redes sociais.
Reforço na segurança da Câmara
Procurada pela reportagem, a presidente da Casa, Denise Pessôa (PT), que está afastada por atestado médico, afirma que a Mesa Diretora pode, no máximo, solicitar reforço na segurança terceirizada da Câmara e da Guarda Municipal para as sessões a fim de evitar outras confusões, como foi feito nesta terça-feira.
Para a presidente em exercício da Casa, vereadora Tatiane Frizzo (PSDB), a sessão desta terça foi tensa e difícil.
— Eu suspendi a sessão e pedi para a segurança da Câmara se fazer presente no plenário. Se fosse o caso, iríamos retirar as pessoas que estavam fazendo essas agitações.
"Inadmissível em um ambiente democrático”
Tatiane destaca que conforme disposição regimental, a presidência da Casa pode suspender a sessão sempre que houver necessidade para manter a ordem durante os trabalhos legislativos e, até mesmo, advertir o público e pedir a retirada de alguém, se necessário. A parlamentar ainda pontua que os cuidados com a segurança dos vereadores e dos cidadãos que frequentam a Casa serão redobrados.
— Em relação ao fato ocorrido de um cidadão tentar agredir o vereador Scalco, considero como inadmissível em um ambiente democrático, por isso de imediato solicitei a retirada do cidadão, o que não foi necessário, visto que ele saiu de forma espontânea.