No âmbito do tratamento editorial das Eleições 2022, o Pioneiro tem a seção Olhares da Serra, destinada a depoimentos de moradores de cidades da região. É uma oportunidade para que a comunidade aponte seus olhares sobre a realidade regional e o que espera dos próximos governantes.
Essa é a segunda reportagem da seção, que mostra o olhar de moradores de Caxias do Sul e Bom Jesus.
"Na minha cidade não tem médico para isso e preciso ser encaminhada para outros lugares"
“Todos os meses, preciso sair de Bom Jesus para ir a Caxias do Sul, Passo Fundo ou até mesmo Sapucaia do Sul para conseguir consulta com um médico especialista e exames, como ecografia. A idade da gente não vem sozinha e tenho tido problemas de estômago que me deixam com muitas dores. Na minha cidade não tem médico para isso e preciso ser encaminhada para outros lugares. Perco muito tempo na estrada. Para Sapucaia, onde mora meu irmão, vou de ônibus e ele me ajuda lá.
Seria um sonho poder realizar tudo aqui, sem precisar viajar, me deslocar, me movimentar para outras cidades podendo estar sempre aqui. Sou bem atendida nos lugares que vou, tanto em Caxias e nas outras cidades, tenho conseguido resolver meus problemas de saúde. Mas ter mais atendimentos nos postinhos de saúde seria a minha principal demanda, que eu queria ver ser cumprida por quem for eleito.
Além disso, os remédios estão muito caros. Talvez possam fazer algo que ajude a diminuir os custos. Muita gente precisa, acaba impactando no bolso de muitas famílias, por isso acho necessário mudar. Mas mudar para melhor. Não deixar as coisas piores do que estão. Sem dúvida, para mim, precisa de investimento na saúde. É a vida das pessoas”.
Franciele Castane, 42, dona de casa, de Bom Jesus
"Junto com o emprego a dignidade para o ser humano"
“O futuro político que eu espero é um futuro com mais oportunidades de estudo para todos, com mais oportunidades de emprego, e junto com o emprego a dignidade para o ser humano. Um emprego digno em que as pessoas possam trabalhar, ter seu ganha-pão. Eu espero mais visibilidade também para as pessoas que são excluídas muitas vezes da comunidade LGBT, como as pessoas negras, as pessoas trans, que estão dentro da comunidade LGBT também, mas acho que elas têm pouca visibilidade tanto na área de trabalho como na área de estudos.
Eu morei durante seis meses na Argentina para estudar Medicina, mas retornei para o Brasil neste ano. A diferença que eu noto é que na Argentina todos têm essa possibilidade de estudar, o estudo é gratuito, não tem uma burocracia tão grande como a do Brasil, tanto para os estrangeiros como para quem é natural de lá.
Acho que a gente peca no preconceito aqui na região Sul. Eu sempre trabalhei muito com hotel, e nós temos uma diversidade cultural muito grande no Brasil. Acho que falta solidariedade, acolhimento e o sentimento de se colocar no lugar do próximo. Por exemplo, na Argentina, tem muitas feiras culturais, inclusive feiras gastronômicas com comidas típicas de outros países. Eu acho isso muito interessante, mas infelizmente não vemos isso aqui no Sul ou mesmo em Caxias. Uma feira que incentive a cultura e a gastronomia daquele local.”
João Angelo Mazzutti Verardo, 30, estudante, de Caxias do Sul