Com prazo de reabertura anunciado no ano passado para o mês de julho, a reativação do Quartel de Bombeiros da Zona Norte não tem previsão de se tornar realidade em 2022. O projeto para a reforma do prédio ainda não foi finalizado pela prefeitura e não existe previsão para o término, segundo o Executivo.
Em novembro de 2021, o prazo para reativação em julho foi anunciado em reunião entre os governos estadual, municipal e lideranças políticas locais. De acordo com nota da assessoria de imprensa da prefeitura, o projeto de reforma estava no escritório de projetos da Secretaria de Obras. As partes arquitetônica e elétrica já estariam finalizadas. Entretanto, a parte final do projeto, que envolve a parte hidrossanitária e um laudo, será finalizada por um engenheiro terceirizado contratado pelo Corpo de Bombeiros de Caxias do Sul.
— A obrigação do projeto é da prefeitura, nós estamos auxiliando por entender que a prefeitura tem várias demandas e nós temos pressa para que esses projetos sejam concretizados. O terreno que está ali e o próprio imóvel são patrimônio municipal e cedidos ao ente estadual dos Bombeiros Militares — explica o Comandante do 5º Batalhão de Bombeiro Militar (5º BBM), tenente-coronel Julimar Fortes Pinheiro.
Agora, segundo o comandante, os próximos passos incluem a finalização do projeto por parte da prefeitura e o início da busca de recursos junto ao governo do Estado. Ele explica que o dinheiro para a reforma está garantido e será repassado pelo Fundo Especial da Segurança Pública (Fesp), mas se faz necessária uma licitação, que ainda não está definida se será aberta via governo do Estado ou pelo município.
— Desde o princípio, eu sempre disse que era uma solução de médio a longo prazo, não era algo com soluções imediatistas, precisaria do engajamento de vários entes. Não teremos, com certeza, a retomada do serviço em 2022. Esse tempo vai nos catapultar, provavelmente, para 2023.
A reativação do serviço não depende somente da reforma do quartel, são várias ações conjuntas, explica Fortes. Além da reforma estrutural do prédio, é necessária a vinda de novos soldados, aquisição de equipamentos para o efetivo e novas viaturas de combate à incêndio.
— Quando? Eu não sei. Eu não posso estabelecer prazos porque não tenho mensuração plena disso. Tudo isso, um trabalho conjunto, no final vai resultar na reabertura do quartel da Zona Norte — relata Fortes.
A previsão da próxima formatura de soldados será entre outubro e novembro deste ano. A partir dessa formação, o comandante garante que virão 15 novos soldados para a cidade.
— Porém, é importante frisar que esse efetivo não vem para o Quartel da Zona Norte, ele vem para os quartéis de Caxias do Sul.
"Vão ter que responder no papel, conversa não dá mais"
Presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Reforma e Reabertura do Quartel de Bombeiros da Zona Norte, o vereador Zé Dambrós (PSB) diz que existe muita confusão em torno da finalização do projeto.
— Eu tenho escutado isso (do projeto ser finalizado) há muitos meses. Estou protocolando um pedido de informações, e aí a prefeitura vai ter que responder para nós: quando o projeto fica pronto, quem vai licitar, se é o Estado ou o município. Vão ter que responder no papel porque conversa não dá mais. Fiz uma reunião com o prefeito e com o comandante (em maio) e falaram que o projeto estava quase finalizado. Há uns 20 dias, fui lá no Quartel dos Bombeiros, conversamos com o coronel Fortes e ele falou: "está quase pronto". É assunto que não sincroniza de maneira correta.
Na opinião de Dambrós, existe uma inversão de prioridades na prefeitura.
— Nós estamos indo para o nono mês. Não estou aqui inventando nada, estou falando de algo que foi determinado em uma mesa no dia 10 de novembro de 2021. O prefeito disse: "eu vou agilizar o projeto." Será que a prefeitura tem tantas outras prioridades? Recurso tem —sinaliza o vereador.
"Os contêineres nem deveriam ter sido cogitados"
No começo do ano, a administração municipal chegou a trabalhar com a possibilidade do uso de contêineres, emprestados por parte do Corpo de Bombeiros Militar do RS (CBM-RS), para utilização como estrutura temporária, até a reforma total do prédio. Porém, essa alternativa não teve resultado.
— Os contêineres nem deveriam ter sido cogitados. Era uma tentativa interna por conta de que já sabíamos que a reforma iria demorar. Se fosse viável, nós íamos buscar eles como uma solução provisória antes do processo de reforma. Mas também não adiantaria só os contêineres sem o efetivo. O contêiner não combate incêndio — afirma Fortes.