O vice-líder do governo de Adiló Didomenico (PSDB) na Câmara de Vereadores, Adriano Bressan (PTB), votou contra pedido de esclarecimentos sobre a garantia de equipamentos de proteção individual (EPIs) nas escolas infantis para eventual retorno das aulas presenciais. O requerimento foi assinado pelo parlamentar Renato Oliveira (PCdoB). Além de Bressan, votaram contra o pedido os vereadores Ricardo Daneluz (PDT), Mauricio Marcon (Novo), Alexandre Bortoluz, o Bortola (PP) e Sandro Fantinel (Patriota).
Na justificativa para o posicionamento contrário, Bressan alegou que não veria motivos para verificar a disponibilidade de EPIs, considerando que as escolas estão fechadas.
— Pra mim, isso é a mesma coisa do que dar chuteira e a bola para o time de futebol e não deixar jogar (comentário gerou risos dos vereadores Sandro Fantinel e Mauricio Marcon). Porque vai pedir agora informações sobre EPIs, mas está fechado. Concordo, tem de ter EPIs, a segurança total, sou um crítico aqui, venho desde o ano passado elogiando as escolinhas infantil pela volta, dando todo apoio, todo suporte, (...) dá para dizer que é seguro, as escolas são seguras — defendeu o vereador.
A vereadora Denise Pessôa (PT) questionou o posicionamento do vereador na tentativa de barrar o pedido de informações:
— Fiquei surpresa com essa posição do vice-líder, espero que não seja a posição do governo, pois vai contradizer a fala de que o governo era transparente e não tinha problema de receber crítica (...). É importante que pedidos de informações sejam garantidos, é direito dos vereadores (...). Ou a gente é transparente, ou não é. Dizer que não vai aprovar é perder tempo, se o governo não tem medo, não tem porque não aprovar.
Já o proponente contestou o fato de Bressan ser presidente da Comissão de Educação do Legislativo.
— O vice-líder de governo sendo contra... Estranhamente o presidente da Comissão de Educação, que pensei que estaria puxando isso para dar exemplo— comentou Renato.
Mesmo com os cinco votos contrários, o requerimento acabou sendo aprovado por maioria. O município tem prazo de 30 dias para responder.
Conselho da experiência
O posicionamento de Bressan também foi questionado pelo vereador Elisandro Fiuza (Republicanos) que usou exemplo de quando era líder de governo na gestão de Daniel Guerra (sem partido) para aconselhar o colega.
— Se o vereador Bressan tem problemas no que diz respeito a um pedido de informação, tem toda liberdade da democracia, mas como presidente de uma comissão como essa, da educação, ele precisa ser imparcial. Não estamos vivendo numa monarquia ditatorial. No nosso governo, (tivemos) centenas e centenas e centenas de pedido de informação, sempre votei favorável. Se isso causa transtorno ao vereador, isso só dá voz para que cada vez mais esses pedidos aconteçam — sugeriu Fiuza.
"Estão sendo pagos para trabalhar"
Na defesa ao voto contrário, Bressan reiterou provocação a profissionais que receiam a volta presencial.
— Vai dar EPI para quê? (...) Vamos esquecer esse troço de 'só vamos voltar depois da vacina', não senhor, pode voltar antes sim, já foi comprovado que menos de 3% teve afastamento, quem não puder, que está naquele grupo de risco lá, que fique em casa, não tem problema, mas os que podem tem de voltar a trabalhar, tão sendo pago para trabalhar, tem de voltar o presencial.
A falta também foi mal recebida pelos colegas.
— Quem faz discurso dizendo que professor tem de trabalhar porque está ganhando, desconhece que no nosso município temos atividades não-presenciais e os professores têm se esmerado e trabalhado muito. Oxalá tenhamos agilidade nas vacinas e o quanto antes as atividades presenciais possam retornar, mas antes é preciso que haja planejamento — afirmou Lucas Careganto (PT), que informou ter recebido manifestações de profissionais da educação dizendo que não recebiam EPIs no momento em que houve o retorno das atividades presenciais.
Denise também ressaltou que recebeu diversas reclamações de falta de álcool gel, avental e máscaras em algumas instituições e que a garantia prévia dos EPIs precisa ser feita antes do retorno às aulas:
— Esperar voltar as aulas para estourar o problema com falta de EPI e aí depois a gente vai tapar o incêndio, não né, é agora que temos de fazer o diagnóstico, se defende o retorno é o retorno com segurança, com EPI. (...) Não podemos menosprezar a condição de trabalho dos profissionais. Antes da vacina tem de ter EPI, que está no alcance do empregador e hoje não está sendo garantido. Não podemos tratar como algo pequeno, é garantia da saúde dos trabalhadores.
O REQUERIMENTO
- Quantidade de máscaras fornecidas aos colaboradores/funcionários das Escolas Infantis, diariamente?
- Referente à avental e áalcool em gel, como funciona a distribuição/o uso nos espaços de trabalho?
- Em relação ao uniforme, atualmente fornecido aos profissionais da cozinha e limpeza, há exigência dos demais profissionais de que comprem uniformes?
- Por qual motivo não é permitida a entrada do Sindicato nas escolinhas, sem a presença da coordenação?
- Na ausência do coordenador, quem é o responsável pela Escola de Educação Infantil?
- Como funciona o registro de EPIs, fornecidos aos trabalhadores?
- Em relação aos pagamentos das horas, horários de intervalo, como estão sendo realizado?
- De que forma funciona "Ato de comer Pedagógico", uma vez que foi retirada a possibilidade de alimento aos demais profissionais, que também são fundamentais na escola?
- Em função da pandemia, a demanda da higienização aumentou expressivamente. Como está sendo organizada essa rotina de higienização, qual a frequência dos procedimentos?