Com o fim do mês de março, encerrou-se o prazo da previsão do secretário municipal de Trânsito, Transportes e Mobilidade, Alfonso Willenbring Júnior, de iniciar o barateamento da tarifa do transporte coletivo de Caxias do Sul. Em janeiro, a Câmara de Vereadores aprovou cinco projetos do Executivo, que cortavam ou reduziam benefícios de usuários (passe livre e servidores de escolas) e concedia isenção tributária à concessionária do transporte coletivo. Na ocasião, a administração alegou como essencial a votação urgente das matérias para encaminhamento da licitação da nova concessão e agilização do barateamento da passagem. No mesmo mês, logo após a aprovação do pacote, Willenbring disse em entrevista à Gaúcha Serra que em março poderia haver reflexos das medidas implementadas com redução em torno de 20 centavos no valor da tarifa.
Nesta sexta (2), no entanto, o prefeito Adiló Didomenico (PSDB) afirmou que mudanças no valor da passagem só acontecerão após a escolha da nova concessionária, prevista para ocorrer em maio.
— Vamos ter que construir com a empresa que ganhar a licitação alternativas de subsídio, para baixar o custo. Tivemos seis aumentos de diesel e não foi repassado nenhum centavo para a empresa de reajuste. Claro que as medidas que foram tomadas de isenção de ISS estão ajudando a equilibrar, senão a empresa estaria amargando prejuízo violento, com valor da passagem de um ano atrás e aumentos de combustível — ressaltou Adiló.
O edital, entretanto, prevê teto de tarifa de R$ 4,75, ou seja, R$ 1,25 acima da promessa de campanha de Adiló, que afirmou que o valor poderia diminuir dos atuais R$ 4,65 para R$ 3,50. No quarto mês recém iniciado de governo, Adiló reconhece que o preço prometido nas eleições é pouco provável de ser alcançado.
— Aquele cenário de setembro, outubro, tinha chance de chegar a R$ 3,50. Não precisa nem ser economista para ver quando tem aumento de chassi de ônibus, insumo básico que é o combustível com seis aumentos, vamos ter de rever esse posicionamento (de chegar a R$ 3,50) — admite.
Ele diz não temer o enfrentamento à repercussão do recuo:
— Não vou ter nenhum receio de enfrentar a situação com transparência e buscar o menor preço possível da passagem. Se não fizermos isso, o transporte coletivo não se torna viável. Ele já vem há dois, três anos enfrentando concorrência dos aplicativos e também o próprio desemprego, tem menos pessoas hoje usando ônibus.
O edital para a concessão do transporte coletivo de Caxias foi publicado no dia 17 de março. A tarifa proposta para a concorrência não poderá ser maior do que R$ 4,75. Para vencer o certame, porém, a empresa ou consórcio terá que propor a menor tarifa entre todos os concorrentes, o que tende a puxar o preço final para baixo.
Adiló justifica cenário inesperado
Adiló afirma que a promessa (redução da tarifa do transporte para R$ 3,50) se mostra inalcançável no momento em razão do cenário econômico adverso.
— A gente assumiu esse compromisso dentro de um cenário daquela época. Nem os economistas mais pessimistas imaginavam que a Petrobras fosse deslanchar aumentos dessa natureza. Outra coisa: o governo, com a desvalorização do real, olha o valor que foi parar o dólar, isso tem empurrado o petróleo e os insumos para cima. Outra coisa que sei que impactou muito e vai impactar na licitação é o ônibus, o veículo. Se comenta que subiu muito e isso também implica o custo da passagem — antecipa.
Em paralelo, após a pandemia, Adiló destaca que será preciso encontrar estímulos para a retomada do uso do transporte coletivo, situação que, segundo ele, também poderia beneficiar o valor da tarifa:
— Uma empresa que tem estrutura para manter e chegou a transportar 300 mil passageiros por dia e hoje transporta 60, 65 mil é também um componente que impacta. Vamos ter de fazer várias ações para fazer o pessoal voltar a usar ônibus. À medida que aumenta o número de passageiros, impacta no cálculo da tarifa, pois tem um item que é passageiro por quilômetro rodado.