Edson Néspolo, candidato à prefeitura de Caxias do Sul, pelo PDT, viu sua vida refletida nas estrelas, quando criança. Na varanda da casa dos avós maternos, João e Clementina Calcagnotto, no interior de Concórdia, em Santa Catarina, Néspolo ficava com o avô observando o céu estrelado. Seu João explicava como a mudança das luas influenciava no plantio e colheita.
— Essa é a lembrança mais impactante da minha infância. Meus avós eram analfabetos, o meu avô nunca havia frequentado uma escola, mas foi ele quem me despertou para estudar geografia — revela Néspolo, 56 anos, divorciado, ex-presidente da Gramadotur.
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O menino Edson vibrava com o ensino empírico do avô, que discernia estações de chuvas e secas por meio da experiência de vida. Mas Edson queria ver além, queria entender o que só a ciência poderia explicar.
— Lá na colônia, as noites ficam ainda mais estreladas. Mesmo sem nunca ter ido à escola, meu avô ensinava em que luas era tempo de plantar ou de colher. Eu queria entender mais sobre as estrelas, mas ele não sabia muito como me explicar — recorda.
Essa memória remete Néspolo aos 13 anos, um período que foi decisivo, por uma série de motivos. Primeiro, porque a partir dessa fase nasceu o interesse por ser professor. Segundo, porque, seu pai recebeu uma oportunidade de trabalho em Caxias. E, terceiro, por ter sido um momento especial, mesmo longe dos pais, em que Néspolo ficou em Concórdia para concluir o ensino fundamental. Quando chegou em Caxias, para estudar no ensino médio, Néspolo foi para o Colégio Estadual Henrique Emílio Meyer.
— Fiquei só um ano no Emílio Meyer. Na época, pensa, eu era um cara da colônia e não falava corretamente os "érres". Tenho ainda amigos daquela época que ainda lembram que eu falava um "ére", no lugar de dois "érres", como em Ana Rech. Hoje isso seria bullying — diz, em tom de brincadeira.
No ano seguinte, como um caminho revelado por Deus, Néspolo conta que recebeu uma oportunidade para estudar no colégio interno do La Salle, em Canoas. Foi nessa escola em que Néspolo habilitou-se a dar aulas, concluindo o curso magistério.
— Foi aí que me estruturei na vida. Tive uma formação integral, humana e cristã. Quando saí, no terceiro ano, os irmãos lassalistas me deram um estágio em uma escola que eles mantinham no São Vicente, na região do Jardelino Ramos, em Caxias. A minha primeira turma foi uma terceira série do ensino fundamental — lembra.
LIÇÃO DE VIDA
Entre os 18 e 19 anos, Néspolo disse ter sido exposto a uma realidade social que ele desconhecia, quando deu aulas na Escola São Vicente. Mais uma vez, na entrevista, cita a generosidade de Deus para com a sua vida.
— Deus me colocou em uma comunidade carente, onde tu tens de ser mais do que um educador. Tu tens de ser um formador quase completo. Era preciso manter contato com os pais e alunos, mesmo nos finais de semana, fazer campanhas de doação de alimento, orientar as famílias para o problema do uso de drogas — explica.
Aos 21 anos, Néspolo tornou-se diretor da Escola São Vicente.
— Mais do que tudo que aprendi no São Vicente, esse tempo me ensinou a ser gente, a respeitar a desigualdade das pessoas.
PADRINHOS NA POLÍTICA
Na primeira vez em que Néspolo concorreu — e venceu — uma eleição foi em 1992, quando disputou uma vaga na Câmara de Vereadores de Caxias. Mas antes de lançar uma candidatura sempre há quem tenha dado aquele empurrãozinho no início da carreira.
— Foram duas pessoas, e falo sempre deles, que me conduziram para a política. Um deles, foi o professor do cursinho pré-vestibular do Mutirão, o Julião. E, outro, foi o seu Valter Gomes Pinto. Eles viram alguma potencialidade e liderança em mim. O primeiro, me filiou no partido e, o outro, me ajudou muito no começo — revela.
Na eleição seguinte, em 1996, Néspolo se reelege como vereador (1997-200). No governo do ex-prefeito José Ivo Sartori (MDB), foi chefe de gabinete e comandou várias secretarias. Na administração de Alceu Barbosa Velho (PDT), presidiu duas edições da Festa da Uva.
LIÇÕES DA DERROTA
Na última eleição para prefeito de Caxias do Sul, em 2016, a chapa de Néspolo foi derrotada pela de Daniel Guerra (Republicanos). Apesar disso, o pedetista diz que é preciso avaliar o cenário do passado e aprender com os erros e acertos.
— Acho que o povo não erra, ele reage. Achar que sempre estamos certos, faz com que a gente não aprenda com os nossos erros. Mas também fica uma lição de que Caxias não pode ser movida por uma aventura — argumenta.
Depois de um breve silêncio, Néspolo prossegue
— O povo reagiu a um momento e, na época, perdermos por erros nossos, é preciso reconhecer. Mas me sinto ainda mais preparado — defende.
LIÇÕES DE GRAMADO
Apensar da derrota nas urnas, Néspolo recebeu um convite para ser o presidente da Gramadotur, uma Autarquia de Turismo e Cultura, com iniciativa da Prefeitura de Gramado, responsável pela organização dos grandes eventos realizados pelo município.
— Entra aqui, mais uma vez, a questão de eu acreditar muito em Deus, que me abriu uma grande porte para que eu fosse comandar o turismo em uma das cidades mais turísticas do Brasil — justifica.
Em pouco mais de três anos à frente da autarquia, Néspolo disse que a maior lição que traz de Gramado é a de que o segredo, no turismo, está nas coisas simples.
— Viajamos para nos encantarmos e sermos felizes. O turismo que Gramado e Bento Gonçalves têm está nas coisas simples. Gramado me ensinou que Caxias tem um potencial enorme, a questão é resgatar nossa tradição, gastronomia e belezas naturais.
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