Pioneiro, Gaúcha Serra e pioneiro.com dão continuidade à série de oito reportagens que apresentam temas que são as maiores preocupações de eleitores entrevistados em pesquisa da RBS. Confira:
Todos os dias, de segunda a sexta-feira, a jovem Cassiana Ribeiro Cardoso, 24 anos, sai de casa às 8h para ir ao trabalho. Sem automóvel próprio, faz o trajeto de ônibus. Primeiro, embarca na linha São Victor-Cohab, no bairro onde mora, até a Estação Principal de Integração (EPI) Imigrante, na BR-116. Lá, troca de ônibus para seguir até o centro de Caxias do Sul. O percurso dura cerca de 40 minutos. O retorno, por volta de 18h30min, leva mais tempo: aproximadamente uma hora. De carro, levaria metade do tempo ou menos para o deslocamento. Mas não é o tempo de percurso que aborrece Cassiana. Tem outros pontos que incomodam mais a auxiliar administrativo.
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— Tem muitos problemas, como horário. Muitas vezes passa antes do horário previsto ou passa depois e tu acaba se atrasando. São situações que fica chato quando tu é funcionário de empresa. E para a volta, os ônibus sempre lotados e a gente não sabe como está sendo feita a higiene dos ônibus — reclama, acrescentando que os veículos já costumavam lotar antes da pandemia e, com a crise sanitária, a preocupação aumentou, porque sente receio de contágio por causa da aglomeração.
Além disso, Cassiana aponta o valor da passagem, hoje em R$ 4,65, como outro ponto que poderia ser revisto. Embora ela gaste bem menos do que com um transporte individual por aplicativo, por exemplo, o valor ainda pesa bastante em seu orçamento.
— A gente tá lidando com praticamente R$ 10 por dia quem pega dois ônibus por dia. No final do mês, isso se torna muito. Poderia ser pensado para quem pega mais de um ônibus para ir e para voltar, reduzir o valor. Não sei como poderia ser viabilizado — diz.
Os "desafios" enfrentados por Cassiana são também os de milhares de caxienses que dependem do transporte coletivo urbano. A preocupação com a eficiência do serviço foi revelada em pesquisa desenvolvida pela RBS, em que eleitores de Caxias do Sul foram questionados a respeito dos temas mais relevantes para a melhoria do município: 10% apontaram o tema da mobilidade urbana como o principal problema da cidade. Muitos reclamam da existência de uma única empresa prestando o serviço do transporte coletivo – o atual contrato com a Visate venceu em maio, mas foi prorrogado até maio de 2021.
— Acho que não é a quantidade de empresas, é a quantidade de linhas para os bairros. Aumentando o número de linhas, não precisa ter mais empresas — opina Cassiana.
Conforme dados da prefeitura de Caxias do Sul, 70 linhas de ônibus operam durante a pandemia. Antes, eram 79. O número de viagens em dias úteis é de cerca de 4,1 mil. Antes da pandemia, eram 8 mil. A frota de veículos em Caxias, conforme o Detran, é de 319.357, o equivalente a 1 veículo para cada 1,6 habitante.
Raio-x
Número de passageiros por dia: 145 mil antes da pandemia e 75 mil durante.
Linhas do transporte coletivo: 79 antes da pandemia e 70 durante.
Paradas de ônibus: 3,5 mil.
Frota de táxi lotação: 15 veículos.
Frota de táxis: 303 veículos.
Motoristas por aplicativo cadastrados: 352 condutores.
Frota de veículos: 319.357 (1,6 veículo por habitante).
Ciclovias: oito trechos totalizando 9,6 quilômetros (Rua Arthur Perotoni, em Forqueta – 650m; Rua Atílio Andreazza – 2.470m; Avenida Rio Branco, em Ana Rech – 1.700m; Parque dos Macaquinhos – 800m; Parque da Lagoa – 830m; Festa da Uva – 1.600m; Parque da Zona Norte – 1.100m; Estação Férrea – 450m).
Sinaleiras para pedestres: 1.210.
Sinaleiras para veículos: 1.087.
Rampas de acessibilidade para PCDs: 1.124.
Número de passageiros caiu
De acordo com a Visate, concessionária do transporte coletivo urbano em Caxias do Sul, a quantidade de passageiros que utilizam diariamente o serviço reduziu em cerca de 70 mil durante a pandemia de coronavírus. Eram 145 mil antes da covid-19. Agora, a média é de 75 mil usuários por dia.
O número de viagens, conforme a prefeitura, também caiu: eram cerca de 8 mil antes da pandemia em dias úteis. Agora, são cerca de 4,1 mil — no período de calamidade pública, esse número variou de 3,6 mil a 4,1 mil viagens por dia útil
Os sábados totalizavam, em média, 4,7 mil viagens. Isso antes da pandemia;. Atualmente, são cerca de 2,1 mil viagens por sábado. Aos domingos, caiu de cerca de 3,3 mil viagens para 850. Os dados são da prefeitura de Caxias.
A viagem é considerada a "meia volta" executada pelo ônibus. Ou seja, o deslocamento Centro/bairro é considerado uma viagem, e o deslocamento Bairro/Centro é considerado outra viagem.
Além do transporte coletivo urbano, Caxias tem uma frota de 15 táxis lotação, 303 táxis e 352 condutores por aplicativo (como Uber) cadastrados na Secretaria de Trânsito, Transportes e Mobilidade.
Viagens
Cerca de 8 mil viagens por dia útil antes da pandemia.
Cerca de 4,1 mil viagens por dia útil durante a pandemia (esse número variou de 3,6 mil a 4,1 mil viagens por dia útil).
4,7 mil viagens por sábado antes da pandemia.
2,1 mil viagens por sábado atualmente.
Cerca de 3,3 mil viagens por domingo antes da pandemia.
850 viagens por domingo atualmente.