Pioneiro, Gaúcha Serra e pioneiro.com dão continuidade à série de oito reportagens que apresentam temas que são as maiores preocupações de eleitores entrevistados em pesquisa da RBS. Confira o exemplo de Bogotá:
"Uma cidade desenvolvida não é aquela em que os pobres podem andar de carro, mas aquela em que os ricos usam o transporte público." A frase é de Enrique Peñalosa, ex-prefeito de Bogotá, responsável pelo início da construção na capital da Colômbia do TransMilenio, sistema de transporte público BRT, ainda em 1998.
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Inspirado na Rede Integrada de Transporte de Curitiba, o sistema foi aprimorado e é considerado um dos melhores do mundo. Tem, por exemplo, capacidade de carregamento de passageiros superior à da capital paranaense. O engenheiro Walter Cruz participou da implantação da rede quando trabalhava na unidade da Marcopolo em Bogotá. Um dos pontos positivos para ele é a integração entre modais (a cidade tem cerca de 120 quilômetros de ciclovia). O cumprimento dos horários pelos ônibus também é destaque para ele:
— Tem cartaz com horário nas estações que nem metrô. Isso facilita a vida do usuário.
Para a empresária colombiana Diana Vélez, 37, que vive há 11 anos no Brasil (foram 10 em Caxias e atualmente mora em Linhares, no Espírito Santo), o TransMilenio mudou a cara de Bogotá. Com os novos veículos a diesel, os antigos foram retirados das ruas, o que diminuiu a poluição. Os imóveis por onde o TransMilenio passa valorizaram, há polícia nas estações e a cidade ficou mais bonita.
A integração permitiu pegar mais de uma linha pagando apenas uma passagem e os corredores exclusivos para os ônibus tornaram o transporte mais eficiente. A cidade tem cerca de 7,4 milhões de habitantes.
— Se cruza Bogotá, de norte a sul, em uma hora, aproximadamente, enquanto de carro leva cerca de três horas — conta Diana, colombiana que vive no Brasil há 11 anos.
Porém, ela acrescenta que, por conta dessa facilidade, os ônibus estão sempre lotados.
A tarifa equivale a cerca de R$ 4,50, porém, conforme Diana, parte do valor é subsidiado pelo governo para pessoas de baixa renda.
OUTRA NOVIDADE
Conforme a jornalista colombiana Daissy Sánchez Pachón, o TransMilenio tem três tipos de ônibus: o articulado duplo, os biarticulados e os complementares. Além deles, o sistema de transporte de Bogotá inclui veículos menores que fazem trajetos para bairros onde o BRT não chega.
Quanto às bicicletas, há ciclovias e, aos finais de semana, algumas vias da cidade são fechadas e só é permitida a circulação de ciclistas. No ano passado, a capital da Colômbia ganhou mais um modal: o TransMiCable, uma espécie de bondinho.
— São vagões em que cabem aproximadamente oito pessoas e comunicam os bairros montanhosos, o que permite ganhar tempo — explica Daissy.