Prefeito de São José dos Ausentes por dois mandatos (1997 e 2000), secretário municipal de Caxias do Sul nos dois mandatos de José Ivo Sartori (MDB) e parte da gestão de Alceu Barbosa Velho (PDT) e secretário estadual do governador Sartori, Carlos Búrigo (MDB) assume agora sua primeira experiência no Legislativo. Suplente do deputado estadual Juvir Costella, ele ainda está se ambientando com a Assembleia Legislativa.
Nesta entrevista, concedida na quinta-feira, ele dá indícios de que deve ser o nome do MDB à prefeitura de Caxias em 2020. Confira os principais trechos:
Quais as prioridades do seu mandato?
A minha prioridade é dar continuidade àquilo que o governador Sartori iniciou, que foi, primeiro de tudo, trabalhar com muita transparência, seriedade, falando para as pessoas a real situação do Estado e buscando o equilíbrio econômico-financeiro. Nós tínhamos uma curva inversa, onde a despesa estava aumentando e a receita caindo. Todo o trabalho que o governador Sartori fez foi fazer com que isso se invertesse e nós conseguimos fazer com que nos próximos anos isso possa ser possível, por diversas ações: a aprovação da previdência complementar no futuro vai dar um resultado importante, a Lei da Responsabilidade Fiscal, preparar o Estado para que ele possa fazer, de vez, as PPPs, as concessões, a venda dos seus ativos. E aí estou te falando das minhas prioridades. Nós temos que enfrentar algumas pautas que são muito difíceis e que nós tivemos a coragem de começar a fazer, que é o fechamento das empresas do Estado que não têm mais função pública. A gente sabe que o governador Eduardo Leite vai dar sequência àquilo que tínhamos proposto lá atrás. E também vou trabalhar as pautas da minha região. Quero ser um deputado presente e conectado com as demandas da região.
Pela sua experiência, o governador conseguirá pagar os servidores em dia?
Em algum momento, que pode ser no ano que vem, pode ser o final deste ano, fazendo o dever de casa, seguindo as pautas que sugerimos, de fazer a venda dessas empresas, de buscar o racionamento da máquina pública, fazendo as PPPs e as concessões, assinando o Regime de Recuperação Fiscal com o governo federal, nós teremos aí na frente um momento, que não sei dizer quanto tempo vai levar, em que as curvas vão se inverter.
Por que não se consegue atacar os privilégios dos demais poderes?
Primeiro, porque cada poder tem a sua independência, e a Constituição determina que cada poder público tenha o seu orçamento. O Executivo não tem o poder de interferir no orçamento da Assembleia, do Tribunal de Contas, no Tribunal de Justiça, da Defensoria Pública, do Ministério Público. Isso depende de leis federais. E se tu me perguntar se eu acho isso correto, eu não acho. Acho que se nós temos uma dificuldade no Governo do Estado, todos os poderes deveriam ser solidários. Não podemos mais vivermos com todas as dificuldades do Executivos e termos o Legislativo e o Judiciário à margem disso. Acho que é uma boa discussão a ser feita no Congresso Nacional.
Qual sua opinião sobre o ingresso do MDB no Governo Leite, já que vocês foram adversários no segundo turno?
Acho que foi um reconhecimento do trabalho feito pelo governador Sartori. Quando o governador fez o convite, ele foi muito claro: “Eu preciso dos quadros do MDB em algumas funções estratégicas para que a gente possa dar continuidade a esse trabalho.” Isso demonstra que estávamos no caminho certo. Como o Sartori dizia, esse trabalho de buscar o equilíbrio das contas públicas e entregar serviço de qualidade não dependia de uma pessoa nem de um governo só, dependia de uma sequência desse trabalho. Mais que isso, somos uma bancada na Assembleia com oito deputados. E nós temos que ser responsáveis e não podíamos deixar de participar daquilo que nós iniciamos. Acho que temos que parar com aquela questão que quem perde a eleição vai ser oposição. Então, acho que foi coerente a entrada do MDB.
Por que Sartori não conseguiu se reeleger?
Eu acho que o Sartori não se reelegeu, mas o projeto se reelegeu, porque o projeto do Eduardo Leite e o projeto do Sartori são os mesmos. O que tinha eram algumas características pessoais. E nós temos um Estado que nunca reelegeu, então essa é uma dificuldade por si só. Fomos um governo que propôs a discussão de todos os temas que de certa forma eram um tabu, como privatizações, previdência complementar, diminuição da máquina pública. Foi um governo que teve a coragem de enfrentar as corporações, e isso vai criando desgaste. Infelizmente, por tudo isso, tivemos o atraso na folha de pagamento. Essas questões podem ter dificultado a nossa reeleição, mas um governador que enfrentou a maior crise financeira desse país, uma crise política no país, e foi para uma eleição e fez 48%. Eu acho que o Sartori e a sua proposta saíram vencedores.
O senhor irá concorrer a prefeito de Caxias em 2020?
Muito mais que a minha vontade de concorrer ou não ou que eu tenha um sonho ou não, eu acho que ser prefeito de Caxias do Sul passa, primeiro, por você ganhar uma eleição e depois, construir ações importantes na prefeitura para entregar a cidade melhor para a população. Isso tem que ser algo que venha construído por todo um partido e toda uma sociedade. Dentro do partido, nós temos bons nomes. Temos o ex-prefeito Sartori, a Maria Helena, o (Germano) Rigotto, o Mauro Pereira, os nossos vereadores. Todos eles conhecem e gostam da cidade assim como eu. Depois de São José dos Ausentes, onde nasci, é a cidade que escolhi para viver.
Mas o senhor tem o desejo de concorrer?
Eu não vou dizer que eu tenha desejo. Eu vou dizer que estou disposto a conversar com as pessoas para fazer com que Caxias na próxima administração possa ser uma cidade que orgulha as pessoas.
O comentário é que o senhor é o candidato do MDB no ano que vem.
Que bom que comentem isso, sinal de que a gente conseguiu fazer uma trajetória política que deu algum resultado.
O que o senhor está achando do governo do prefeito Daniel Guerra?
Tenho muito respeito pelas pessoas que administram, não gosto de falar. Agora, tudo o que tenho visto e é aquilo que falei, quando a gente se elege para algum cargo, a gente não é dono do cargo. A gente tem que discutir com a sociedade. E o que eu tenho visto, muitas vezes, é que talvez tenha um isolamento do prefeito, que não discute os assuntos da sociedade com a sociedade. Acho que talvez é a maior dificuldade que ele tem.