Um dia após o Conselho Municipal de Saúde rejeitar a proposta de criação de um Pronto-Atendimento Pediátrico 24 Horas em Caxias do Sul, o prefeito Daniel Guerra (PRB) conversou com o Pioneiro. Ele rompeu o silêncio com a imprensa após a reunião do Gabinete Itinerante em que ouviu as demandas da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC) de Caxias do Sul, na noite de quarta-feira.
Guerra criticou o Conselho de Saúde que negou a tentativa da administração de terceirizar o Postão 24 horas. Ele ainda comentou sobre as ações para a ocupação da Maesa e como será seu comportamento durante a campanha eleitoral.
Confira a entrevista.
Pioneiro: Está satisfeito com o serviço da empresa responsável pela UPA 24 horas?
Daniel Guerra: Quem está satisfeita é a população. A avaliação dos atendimentos demonstrou um nível extremamente positivo, em patamares de atendimento de planos particulares.
Quais as medidas da administração municipal para a falta de médicos nas UBSs e no Centro Especializado de Saúde?
Houve uma irresponsabilidade de 17 pessoas (conselheiros da saúde que votaram contra a terceirização do Postão Pediátrico) que não entenderam que a população precisa de atendimento de qualidade, que a demanda pelo setor público tem crescido e vai continuar crescendo com a migração constante dos (usuários de) planos privados para a saúde pública fazendo com que tenhamos o dever de resolver. Nossa administração tem solução. Temos a solução para os medicamentos que faltavam no passado e não faltaram mais. Se um ou outro (medicamento) falta não é por falta de compra, mas por que o fornecedor não entregou no prazo, nós notificamos e multamos pela não entrega. A abertura da UPA 24 horas demonstrou ser um equipamento de qualidade, de eficiência e de competência, que leva satisfação aos usuários, e se tornou o equipamento para evitar um caos na saúde.
O plantão pediátrico foi rejeitado, qual é o plano B do município?
Nas UBSs ao longo de décadas faltaram médicos, no CES idem. Identificamos a solução para isso. Não desistimos do UBS + com a gestão compartilhada do Postão. Até o presente momento ninguém conseguiu mostrar que existe alguma ação mais eficiente e resolutiva que o programa UBS +. Enquanto ninguém nos mostrar que existe algo mais efetivo, o mínimo que se deveria ter é a sensibilidade e respeito aos usuários, e permitir que nós o façamos.
Por que o Executivo não consegue suprir a falta de médicos?
Chamamos mais de 100 desde o início do mandato, só que por razões diversas esses profissionais não tomaram posse. Eles têm o direito de atender ou não. Não podemos impor a alguém que faz o concurso público que tome posse se não quiser. A medida mais eficiente e rápida é transferir os mais de 100 médicos que tem no Postão para o CES e para as UBSs. Ao mesmo tempo, com a gestão compartilhada do Postão conseguiremos repor imediatamente todo o quadro de médicos, técnicos, enfermeiros e os demais (cargos) previstos na licitação. Isso faria com que o Postão, que hoje vive um ciclo de esgotamento na sua forma, passaria a ter excelência e eficiência a exemplo da UPA 24 horas. Continuaremos buscando repor o quadro, seja por concurso público, por contrato temporário emergencial, ou por chamamento de ampliação de horas-extras. A população precisa ser atendida e continuaremos investindo o que for necessário para que não falte atendimento. Estamos avaliando medidas para viabilizar essas iniciativas.
Quais as medidas para melhorar o atendimento no Postão?
O Postão mesmo com 19 pediatras tem dificuldade de fechar a escala, enquanto na UPA 24 horas tem 14 (pediatras) e consegue fechar a escala, e atender muito mais, com mais qualidade. Temos encaminhado soluções efetivas, uma delas foi a proposta de implantação do (programa) UBS +. Hoje, 80% das pessoas que buscam atendimento no serviço de urgência emergência se tivessem médicos nas UBSs não estariam utilizando os serviços de urgência emergência e teríamos agilidade para quem busca esse tipo de atendimento. Tínhamos a solução e colocaríamos mais de 100 médicos de imediato nas 48 UBSs, mas não autorizaram a implantação do UBS + com a gestão do Postão 24 horas, no ano passado. Continuaremos buscando resolver os desafios da saúde que é obrigação nossa, mas que também é dever e responsabilidade de todos.
Qual será o modelo adotado para a administração da Maesa?
O secretário de Cultura, Joelmir (da Silva Neto), é quem está designado para capitanear todas as iniciativas para esse patrimônio que é de todos nós. Existe uma dinâmica pré-estabelecida e hoje (quarta-feira) antecipei uma medida em que estaremos aportando mais de R$ 500 mil nessas etapas que são imprescindíveis para a questão da própria ocupação. (Guerra anunciou que a prefeitura irá realizar três investimentos após a saída da Voges do complexo. A primeira etapa é a caracterização e levantamento fotográfico no valor de R$ 116 mil. A segunda é o mapeamento de potencial e vocações considerando um estudo existente por R$ 131 mil e por último, a etapa de diretrizes de infraestrutura com o tipo e grau de intervenção e medidas de conservação com investimento de R$ 256 mil.)
O PRB decidiu apoio ao pré-candidato ao governo do Estado, Eduardo Leite e Geraldo Alckmin à presidência da República, ambos do PSDB. O senhor vai fazer campanha para os dois?
Quem escolheu foi o partido, eu não escolhi. Neste momento não tenho nenhum candidato à presidência, nem para governador. Sei em quem não irei votar com toda a certeza. Como cidadão e como exigente que sou, estarei analisando as propostas dos candidatos e no momento oportuno vou tomar essa decisão na urna.
O senhor vai fazer campanha para seus candidatos?
Tenho convicção plena em quem irei votar para Assembleia Legislativa. Manifestarei publicamente a minha decisão por esta pessoa que entendo preenche todas as condições para bem representar Caxias do Sul e a Serra na Assembleia.