O deputado estadual Álvaro Boessio (PMDB) prevê a eleição de outubro muito mais difícil do que as anteriores e projeta aumento do número de abstenção e de votos nulos e brancos. A hipótese é devido à desconfiança da população devido a denúncias de corrupção. O deputado, que é natural de Farroupilha, lamenta a generalização.
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No terceiro mandato, o líder da bancada do PMDB diz que a principal carência da Serra é a infraestrutura das rodovias. e acredita na aplicação de um programa de concessão de rodovias, com tarifas baixas e o comprometimento de duplicação de estradas.
Confira a entrevista.
Pioneiro: Na véspera da última eleição, o senhor disse que não iria concorrer. Quais os planos para o futuro?
Álvaro Boessio: Vou concorrer à reeleição. Da outra vez, estava indeciso e acabei mudando de ideia, concorri e me elegi. Agora vou concorrer novamente a deputado estadual.
Qual será seu foco em caso de reeleição?
A questão da geração de emprego, buscar alternativas de novas empresas. O setor que represento (trabalhadores na indústria calçadista) vem reduzindo a cada ano, já teve 300 mil trabalhadores, hoje tem 100 mil. Um piso regional um pouco melhor para as categorias que não têm convenção coletiva e trabalhar para ter infraestrutura.
Como o senhor analisa a disputa na próxima eleição?
Com muita dificuldade, porque o cenário político está desfavorável. As críticas em cima da política são muito grandes. Há resistência com a classe política. Será uma eleição de muito convencimento, e vai se eleger quem tem uma relação de amizade e um trabalho muito forte. Vão ter muitos votos em branco e abstenções. Eu imagino manter meu número de votos das últimas eleições, mas acredito que, com 33 mil votos, o candidato se elege no PMDB. Muitos eleitores vão anular seus votos se não mudar o cenário até outubro.
A que mudança de cenário o senhor se refere?
Em nível nacional, essas denúncias de corrupção. O eleitor está muito esperto para ver informações e julgar todos os deputados de forma igual. Eles não diferenciam um do outro. A grande maioria não vai querer votar. Eu sempre tenho dito para as pessoas que tem gente boa em todos os setores. Tem gente boa na política, nos advogados, tem ruins empresários, repórteres. O político é o reflexo da sociedade. Infelizmente, as pessoas analisam todos iguais. Tem padre ruim, tem padre bom.
Qual foi a bandeira do seu mandato?
Sou vinculado aos trabalhadores do setor do calçado e vestuário. Estou mais vinculado ao movimento trabalhista. Fui líder da bancada do PMDB por duas vezes e tenho vinculação muito forte com o esporte.
Quais são os principais problemas da Serra?
A infraestrutura, as rodovias. Mas hoje o Sartori está fazendo um bom trabalho. Mesmo com todas as dificuldades, a gente vê que ele tem começado muitas obras aqui (na região) importantes. O último governo que tinha feito alguma coisa importante foi o (de Germano) Rigotto, que duplicou a RS-122 de São Vendelino a Farroupilha. Os outros governos fizeram remendo, mas o Sartori está investindo na 122, 453, 813, a 122 está recebendo obra de limpeza e depois vão duplicar novamente.
Existe perspectiva de as rodovias da Serra receberem melhorias como duplicação?
Com certeza. Por exemplo, entre Farroupilha e Bento, a ideia é duplicar. Primeiro, estamos tirando os buracos e depois vamos duplicar. No trecho entre São Vendelino e Farroupilha, não se fala em duplicar, mas em rever o traçado para reduzir a Curva da Morte e melhorar a terceira pista. Quem sabe licitar e pedagiar algumas rodovias.
O programa de concessão pode ser lançado neste ano?
Eu acredito que saiam alguns polos até o final do ano. Pode ter algum na nossa região, entre Bento e Farroupilha, ou Bento e Garibaldi, ou Farroupilha a São Vendelino. Eu acredito que saiam três ou quatro polos até o final do ano. Na Serra, seria um polo com o compromisso de valor (da tarifa) baixo e de duplicar (a rodovia) mais tarde. E o preço deve ser discutido com a comunidade, não como era antes entre Farroupilha e Caxias.
A adesão ao regime de recuperação fiscal do governo do Estado com a União é a única alternativa para recuperação da economia do RS?
No momento, sim. A oposição não apresenta sugestão. Nós somos o governo que mais cobrou dívidas atrasadas, mas, se não conseguirmos empréstimo internacional, não vamos conseguir dar a volta. O que se arrecada hoje é praticamente para pagar a folha (dos ativos) e dos aposentados. O futuro governo vai ter condições muito melhores que o Sartori para poder buscar financiamento e não pagar a dívida (com a União). Só de juros, são quase R$ 300 milhões por mês, valor para ser aplicado nas coisas do Estado.
Além do empréstimo, quais são as alternativas para obter recursos para investimentos?
Hoje, não tem outra solução. O Sartori reduziu o número de secretários, de CCs. O quadro (de servidores) está inchado. Hoje, tem muitos que estão se aposentando e cada vez mais vai inchar a folha. A solução hoje é a ajuda do governo federal e buscar financiamentos internacionais. Depois, precisamos gerar mais empregos. A população gaúcha está cansada de aumento de impostos. Tem coisas que não tem mais como enxugar.
O senhor é contra a Reforma da Previdência. Algum embaraço no PMDB por conta da sua opinião?
Não. Nós temos uma bancada em que cada um respeita a posição do outro. Com relação à Previdência tem pontos que estão apertando aqueles que estão por se aposentar. São questões que o meu partido respeita.
Durante seu mandato, dois de seus assessores não cumpriam expediente na Assembleia e trabalharam em cidades da Serra. O senhor reviu essa prática ou continua considerando admissível?
É admissível. É normal isso. Hoje, todos os deputados têm seis assessores que podem trabalhar fora do gabinete e que prestam serviços nas bases. O último caso foi arquivado no Ministério Público e na Assembleia. O rapaz ia toda a semana no meu gabinete, tinha o relatório de trabalho dele. A assessora de Carlos Barbosa trabalhou comigo até semana passada. Esse de Farroupilha mandei embora. Depois, correu todo o processo e não tinha culpa nenhuma, mas, com a pressão, a gente acaba demitindo.