Que os partidos políticos não andam em alta, isso não é novidade. A descrença e a desconfiança por parte da população acabaram desgastando as siglas. Para se livrar do estigma, algumas legendas estão trocando de nome. É o caso do Podemos, ex-PTN, que mudou neste ano.
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O PTdoB e o PSL, embora ainda constem na Justiça Eleitoral com esses nomes, já se apresentam como Avante e Livres, respectivamente. O PSDC quer adotar apenas as letras DC, de Democracia Cristã, e o Partido Progressista (PP) ficaria apenas com o segundo nome. O DEM viraria Centro Democrático e o PEN se tornaria Patriotas. O PMDB voltaria a ser MDB.
A troca de nome já ocorreu em outros momentos. O DEM, por exemplo, antes de ser DEM, era PFL. O que ocorre, conforme o cientista político e doutor em Ciências Sociais, Marcos Paulo dos Reis Quadros, é que, em função do desgaste que as siglas e a própria palavra partido têm, elas querem agora parecer um movimento.
– Mas um impacto depende muito mais de uma nova política – pondera.
Doutor em Comunicação Política, Sérgio Trein concorda. Não basta trocar de nome, é preciso um reposicionamento de marca muito maior, segundo ele. Uma pesquisa com eleitores, para saber o que eles pensam e esperam dos partidos, seria a primeira ação a ser tomada. O comportamento do eleitor brasileiro, que vota em pessoas, não em partidos, também precisa ser levado em conta.
– O que está acontecendo é que estão jogando para debaixo do tapete o problema. Estão dando uma maquiada, uma disfarçada – analisa.
Mudança de nome não é consenso entre filiados
Vice-presidente do PP de Caxias, Drica de Lucena não concorda com o novo nome, Progressista. O assunto ainda não foi discutido entre os filiados, mas ela diz perceber que a maioria dos membros se identifica mais com PDS, sigla que deu origem ao PP. Portanto, se fosse para trocar, o ideal seria mudar para PDS:
– O PP, ao longo dos anos, foi se distanciando da ideologia que acreditava. Os partidos estão percebendo a importância de se reinventar, mas não é mudando o nome da sigla que isso vai acontecer. Os partidos não entenderam o recado das urnas.
Para o líder da bancada do PMDB na Câmara de Vereadores, Paulo Périco, a mudança também não é válida se não houver uma oxigenação no partido. Retomar a sigla MDB seria, segundo ele, bastante significativo, mas desde que algumas pessoas deixassem o partido.
– Mudar o nome é o resgate de uma marca forte de luta contra a ditadura. Com a redemocratização, um grupo de pessoas entrou e deturpou o PMDB. Ver um MDB com Renan Calheiros é uma ofensa. O PMDB precisa voltar às raízes. Aí vale a pena tirar o P – diz o vereador.
Partido do Bolsonaro
Diferente dos partidos que buscam fugir do desgaste político, o PEN quer trocar de nome por outro motivo: o ingresso do deputado Jair Bolsonaro. Hoje no PSC, o parlamentar do Rio de Janeiro deve ingressar na sigla, que irá ganhar o nome de Patriotas, em breve.
– A bandeira do PEN sempre foi o meio ambiente, mas com a vinda do Bolsonaro, optamos por trocar. É uma grande aposta que ele se torne presidente do Brasil – diz João Dreher, presidente do PEN de Caxias do Sul.
Neste caso, a mudança de nome, do ponto de vista da publicidade, pode ser uma decisão acertada, segundo o doutor em Comunicação Política Sérgio Trein.
– Quem é o eleitor do Bolsonaro? Um cara de direita, que vai para a rua de verde e amarelo, que considera os partidos de centro e esquerda comunistas.
O cientista político Marcos Paulo dos Reis Quadros acrescenta:
– Com o ingresso de um parlamentar como Bolsonaro, com potencial de votos inclusive para presidente, é natural que ele molde esse partido.