Não bastasse a anunciada renúncia do vice-prefeito de Caxias do Sul Ricardo Fabris de Abreu (PRB), o prefeito Daniel Guerra (PRB) tem uma preocupação: conter a possível saída de pelo menos dois secretários municipais no primeiro semestre de governo. A fragilidade do secretariado de Guerra ficou evidente com o anúncio de nove pastas com nomes provisórios para os cargos. São elas as de Agricultura; Planejamento; Habitação; Trânsito, Transportes e Mobilidade; Urbanismo; Procuradoria-Geral do Município (PGM); Fundação de Assistência Social (FAS); Samae; e Festa da Uva.
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Apesar de receber mais de 2,2 mil currículos de pessoas interessadas em trabalhar na prefeitura, o recrutamento para as secretarias da Saúde e Segurança foi penoso. Para as duas áreas, Guerra precisou fazer concessões. O titular da Saúde aceitou assumir a função com um prazo pré-determinado para a saída: os 100 dias de governo. O médico Darcy Ribeiro Pinto Filho deve deixar o governo até a metade de abril. Pinto Filho também condicionou sua entrada na administração à permanência como professor do curso de Medicina da UCS e ao atendimento em seu consultório particular. A polêmica ligação telefônica de Guerra em que cobra a presença de um médico no seu horário de trabalho em uma UBS do município gerou desconforto e deixou o secretário da Saúde constrangido. Pinto Filho conta que havia "compactuado" com Guerra de trabalhar intensamente o cumprimento da carga horário dos médicos, a abertura da UPA da Zona Norte e a melhoria no atendimento no Postão 24 Horas.
– Agora vamos fazer um balanço disso tudo e vou externar para o prefeito a minha situação para ver se vou seguir ou vou ter que declinar. Não tem nada definitivamente acertado – diz o secretário Pinto Filho.
O primeiro
Apesar da saída do secretário da Saúde ser dada como certa nos bastidores, o primeiro a sair do governo foi o secretário da Segurança, José Francisco Mallmann (PRB). Ele pediu exoneração da administração municipal nesta semana. O motivo do afastamento é um compromisso particular acordado com Guerra, ainda, no período de transição. No Facebook, Mallmann aparece em uma foto tirada debaixo da Torre Eiffel, em Paris.
O ex-delegado da Polícia Federal e ex-secretário da Segurança do governo Yeda Crusius (PSDB), nome de maior expressão do secretariado de Guerra, deixou a administração em silêncio e sem comunicado oficial à imprensa. A maneira como saiu dá margem a especulações de que Mallmann não retorna para o cargo. No entanto, segundo a secretária de Governo, Vania Espeiorin, ele estará fora do dia 14 ao dia 31 de março, e depois reassume a secretaria.
O secretário do Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Emprego, Carlos Heinen, também estaria com o mês de desembarque do governo Guerra definido, garantem pessoas próximas a ele. Segundo esses rumores, a primeira experiência do empresário na administração publica deve terminar em junho. Heinen, porém, nega enfaticamente que deixará a administração municipal.
O prefeito Guerra confirma os acordos com os secretários da Saúde e Segurança e reforça a importância do trabalho de ambos desde o início do governo. Ele garantiu o retorno de Mallmann em abril. Sobre a situação do secretário da Saúde, o prefeito admite a possibilidade da saída do médico.– Nesse momento, ele (secretário da Saúde) está com total entrega, firme e fazendo um trabalho fantástico.
Chefe de Gabinete não garante a permanência dos titulares
Apesar da forte tendência da saída do secretário da Saúde, o chefe de Gabinete, Júlio César Freitas da Rosa (PRB) disse que não existe nenhuma confirmação oficial e que o assunto está sendo tratado diretamente entre o secretário e o prefeito. Sobre a situação do ex-secretário Mallmann, o chefe de Gabinete confirmou que houve um "ajuste" com o prefeito antes da posse.
Mesmo ainda com secretários provisórios, Júlio César diz que não há nenhuma conversa sobre mudança no secretariado.
– Não vi nenhum secretário reclamando de que estaria se sentido frágil (por ser provisório). Há um ambiente muito bom de trabalho. É um secretariado técnico e não tem ninguém com a intenção de concorrer a um cargo eletivo – diz o chefe de Gabinete.
Questionado, no entanto, se garantiria a permanência dos secretários no governo, Júlio César disse:
– O que posso garantir é que não tenho informação de que algum secretário esteja para sair. Se existe alguma conversa, é do titular da pasta com o prefeito.