O desejo de ajudar ainda mais as pessoas aproximou o líder religioso da política. Na sua quarta passagem por Caxias do Sul, Elisandro Fiuza Gonçalves, 40 anos, decidiu concorrer a vereador e obteve 2.419 votos pelo PRB. Natural de Porto Alegre, já morou em Passo Fundo, Santa Maria, Santa Rosa, Ijuí, Campo Bom, Sapucaia do Sul e, na Serra, em Vacaria e Farroupilha, sempre a serviço como pastor evangélico consagrado da Igreja Universal do Reino de Deus. É casado há 14 anos com Elissandra dos Santos Gonçalves, 36, e não tem filhos.
– Me sinto agradecido a Deus (pela vitória) e com a certeza de que tudo que desejo fazer é em prol das pessoas. Não tenho nenhum interesse pessoal, mas de contribuir para a cidade.
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Depois de comandar a igreja do bairro São José nos anos de 2005 e 2010, Fiuza retornou à cidade para desempenhar outra função – a de coordenador do trabalho social denominado Agente da Comunidade, que leva serviços de orientação jurídica e médica básica para os moradores dos bairros.
– Nosso trabalho social e espiritual tem aconselhado muito as pessoas. Apesar da falta de experiência na política, Fiuza voltou a estudar e pretende concluir o curso de tecnólogo em Gestão Pública na Faculdade Anhaguera para contribuir com o novo trabalho a partir de janeiro de 2017. Entre as suas bandeiras estão o serviço de orientação jurídica e auxílio médico e a atenção para os problemas relacionados com a infância, juventude e os idosos.
– Vou levar meu gabinete para os bairros. Mesmo tendo um pouco de inexperiência, vou fazer de tudo para contribuir. Vou me dedicar em tempo integral à área pública da mesma forma que tive êxito no trabalho religioso.
Fiuza reconhece que as pessoas deverão associar seu trabalho na Câmara de Vereadores à Igreja Universal, mas trata de separar as duas funções. Para mostrar as diferenças, por decisão pessoal, solicitou o licenciamento de suas atividades na igreja para se dedicar exclusivamente à campanha eleitoral e agora ao mandato de estreia na vida pública. Mas diz que continuará frequentando a igreja como visitante e não descarta prestar um culto, quando convidado.
– É natural associarem, mas uma coisa é diferente da outra. A Igreja tem mais de 5 mil féis em Caxias e fiz 2.419 votos. Muitos dos meus eleitores são adeptos (da Universal), mas outros a gente conquistou fora.
Aproximação com a igreja
Antes da aproximação com a Universal, Fiuza foi soldado do Batalhão de Comunicações do Exército por dois anos. Entusiasmado com a possibilidade de seguir a carreira militar, foi aprovado no curso para cabo, mas a falta de vaga abreviou a profissão. Ele guarda na memória um exercício militar de manutenção de paz da ONU, realizado na cidade de Monte Caseros, na Argentina. Fora do Exército voltou a trabalhar como pai até ingressar na igreja. Fiuza conta que o principal motivo para procurar auxílio na espiritualidade foi o problema de relacionamento dos pais Eli e Gladis.
– Fui buscar a paz para dentro do meu lar – diz o pastor, hoje com 16 anos dedicados à Igreja Universal do Reino de Deus.
– No início, tinha um pensamento muito contrário à igreja. A gente comprava (a ideia) que a igreja pedia muitos valores e fui entendendo que a ajuda que eles pediam sobre os ensinamentos da Bíblia era normal. Houve uma transformação na minha vida pessoal.
Ele conta que, devido às brigas de seus pais, era um jovem que vivia angustiado e aflito. Mas, logo depois de começar a frequentar os cultos, a vida melhorou e começou a realizar o trabalho voluntário como obreiro. No ano seguinte, com o desejo de ajudar as pessoas, tornou-se auxiliar de pastor e, com 24 anos, assumiu pela primeira vez como pastor titular da igreja no bairro Parque dos Maias, em Porto Alegre.
– Comecei a me sentir muito bem. Me tornei um jovem diferente, não melhor (que os outros), mas para mim mesmo. No tratamento com as pessoas, na minha vida profissional.
Na adolescência, Fiuza enfrentou outro problema: o uso de drogas como maconha, cocaína e álcool, mas ressalta que não se considera um ex-dependente químico.
– Não fui a fundo. Foi aquela coisa de escola. Experimentei, mas não posso dizer que fui viciado, dependente.