Com dificuldade para evitar a perda do mandato, a presidente afastada Dilma Rousseff caminha para o desfecho do processo de impeachment com o apoio mais enfático apenas de um grupo restrito de senadores e ex-ministros. Afastada do poder desde 12 de maio, ao longo de quase três meses ela enfrenta um processo gradual de distanciamento do PT, fortalecido também pela avaliação de que são mínimas as chances de absolvição no Senado.
Confira cinco pontos que mostram o distanciamento entre Dilma e o partido.
Caixa 2
Diante da confissão de João Santana e da sua mulher, Mônica Moura, que admitiram ter recebido pagamentos pela campanha de 2010 via caixa 2, Dilma se eximiu. Afirmou que, se houve ato ilícito, a responsabilidade era do marqueteiro e do PT. A cúpula do partido não gostou das palavras da presidente, que reforçam as suspeitas sobre a sigla.
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Novas eleições
Dilma prepara uma carta com o compromisso de, voltando ao Palácio do Planalto, convocar um plebiscito para consultar os brasileiros sobre a realização de novas eleições presidenciais. O documento é a tentativa derradeira de tentar virar votos de senadores no julgamento do impeachment. Presidente do PT, Rui Falcão afirmou que não vê "nenhuma viabilidade" na proposta. A maioria do partido é contra e apenas a corrente Democracia Socialista, do ex-ministro Miguel Rossetto, apoia a ideia.
Política econômica
Ao tomar posse no segundo mandato, Dilma mudou a política econômica do seu governo, adotando o discurso do ajuste fiscal e o corte de despesas, personificado na figura do então ministro da Fazenda, Joaquim Levy. O PT trabalhou pela queda de Levy e não aceitou o abandono da "nova matriz econômica", baseada na lógica desenvolvimentista, que necessita de gastos públicos elevados. Caso Dilma retome o governo, o PT cobra uma guinada à esquerda.
Convenções
Enquanto Lula participa do lançamento de candidaturas do PT a prefeituras pelo país, Dilma viajou para participar de alguns eventos em defesa do seu mandato. Na convenção que oficializou Fernando Haddad candidato à reeleição em São Paulo, com a presença de Lula, a presidente enviou apenas uma mensagem. O cenário demonstra que o partido está mais preocupado com seu desempenho nas eleições municipais. A batalha contra o impeachment deixou de ser prioridade.
Longe da bancada
A relação com o Congresso sempre esteve entre as principais fragilidades do governo de Dilma Rousseff. Petistas informam que, desde o fim do processo de impeachment na Câmara, em abril, Dilma não falou mais com a bancada do partido. As portas do Palácio da Alvorada não costumam ficar abertas para deputados. Apenas um pequeno e restrito grupo de ex-ministros e senadores visitam a presidente afastada com frequência.
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