Com o afastamento da presidente Dilma Rousseff em 12 de maio, as manifestações de rua contra o governo federal e a corrupção deixaram de ser comuns. A última grande mobilização em Caxias do Sul foi em 13 de março. Assim como os outros protestos organizados pelo Movimento Brasil Livre (MBL), reuniu milhares de pessoas: foram 40 mil participantes, na estimativa da Brigada Militar.
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A "acalmada" no movimento é considerada normal pela coordenação. Com o impeachment aprovado pela Câmara dos Deputados, a votação no Senado para decidir sobre o afastamento definitivo ou não da presidente Dilma ocorre em agosto. Um ato está marcado para o dia 31 de julho, na Praça Dante Alighieri, mas a organização estima que a participação seja pequena.
– As pessoas viram que já aconteceu, muitas pessoas acham que o impeachment já está consolidado e ficam no comodismo, não se informam direito. Mas a probabilidade de a Dilma voltar é muito pequena – acredita Aldonei Machado, um dos coordenadores do MBL em Caxias.
Para Beto Maurer, também coordenador do MBL, com a meta parcialmente atingida, o movimento muda de foco. É hora, segundo ele, de deixar as manifestações de lado e passar a apresentar propostas para o país. Isso não significa que o combate à corrupção será esquecido. O MBL continuará “em cima” dos políticos e voltará às ruas, se necessário.
– O maior motivo de nós irmos às ruas era realmente o impeachment da Dilma e esse objetivo está sendo alcançado. É praticamente certo que vai acontecer com a votação no Senado. Agora, a gente tem que parar de reclamar, parar de protestar, para impor uma pauta propositiva, propor pautas para nossos governantes, deputados, prefeitos e candidatos também, pautas que ajudem o país e a cidade a melhorar, tentar mudar essa visão totalitarista do Estado, propor a redução de custos, a redução da máquina pública, a eficiência, esse tipo de coisa – explica.
Outra conduta – A mesma visão é do ex-integrante do MBL Jeronimo Molina. Para ele, o MBL precisa ter, a partir de agora, outra conduta. O movimento deve, segundo ele, enveredar para um caminho mais propositivo:
– Tem que se formar um movimento que agregue as pessoas com pautas de cunho liberal. Apesar de ter essa premissa básica do impeachment, sabemos que o país está cheio de problemas. Existe uma presença do Estado na economia gigantesca, existem empresas estatais que não dão lucro, a educação pública é um modelo que já faliu, a saúde também é um caos. Acho que o MBL vai partir para essas causas. Ele pode existir, não da forma como existiu, com protestos na rua, parando o trânsito.
Jeronimo Molina será o sétimo candidato a prefeito
O movimento, que sempre primou pela neutralidade quando se tratava de cores partidárias, gerou pelo menos dois pré-candidatos. Maurer filiou-se ao DEM em novembro do ano passado e irá concorrer a vereador. Molina concorrerá a prefeito pelo PSL, sigla da qual é presidente atualmente.
Maurer, que nunca teve filiação partidária até se envolver com o MBL, acredita que o ingresso em um partido é um processo natural.
– A maioria dos participantes do movimento está agora em partidos, porque faz parte da evolução. Tu vai pra rua, reivindica, quer mudança, não tem lugar melhor para começar a mudança que dentro de um partido.
Para Molina, o movimento não fez exatamente com que ele se interessasse por política, já que tem vivência partidária – foi filiado ao PSDB, PP e DEM. Ele, inclusive, deixou o MBL após ingressar no PSL, pois o movimento está alinhado a três siglas: PMDB, PSDB e DEM. O jovem não esconde uma certa mágoa com o fato de ter sido afastado da direção do MBL.
– Questionei a coordenação nacional (do movimento) e falaram que ou era esses três (partidos) ou não servia. Sou da opinião de que tudo que é para ser radical, como foram radicais nessa posição, é ruim, porque inibe e tu volta para aquele círculo vicioso – diz.
Saiba mais
- O MBL surgiu em novembro de 2013, em Vinhedos, interior de São Paulo.
- Em Caxias do Sul, a primeira manifestação organizada pelo MBL foi em 15 de março de 2014.
- O MBL organizou outras três grandes mobilizações: 12 de abril e 16 de agosto de 2015 e 13 de março de 2016
- Beto Maurer será o candidato oficial do MBL em Caxias. Outras 15 pessoas ligadas ao movimentos também concorrerão a vereador.
- O MBL trocará de coordenação neste mês em Caxias do Sul. Fernando Ferreira assumirá o comando.Beto Maurer, Rodrigo Ramos e Aldonei Machado, que foram criadores do MBL em Caxias, farão parte de um conselho do movimento.