A mãe de Luciano Boeira Melos, Elizete Boeira, 45 anos, teve uma amostra de saliva coletada nesta segunda-feira (11) pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP) para comparar o DNA com um corpo encontrado em Campestre da Serra. O cadáver foi achado no dia 2 de setembro com os braços amarrados e tinha uma possível perfuração no crânio, além de estar em estágio avançado de decomposição. Segundo o Departamento Médico Legal (DML) de Vacaria, o resultado do exame deve ficar pronto a partir da próxima semana.
Conforme o delegado responsável pelo caso do desaparecimento, Gustavo Costa do Amaral, a comparação de DNA ocorre porque a polícia verifica todas as possibilidades que podem levar ao encontro do caminhoneiro. O caso é investigado como homicídio qualificado. Amaral também informou, nesta segunda, que a perícia feita em duas armas foi inconclusiva e não é possível afirmar se houve disparo recente ou não. As armas pertencem ao marido e ao pai da mulher que tinha um relacionamento com o caminhoneiro.
Luciano Boeira Melos,27, está desaparecido desde o dia 26 de julho, quando saiu de casa em Hortêncio Dutra, interior de Bom Jesus, para encontrar a mulher. Ela, o marido, o pai e o cunhado dela estão presos no Presídio Estadual de Vacaria desde o dia 17 de agosto.
Com o corpo encontrado em Campestre da Serra, que fica a cerca de 100 quilômetros de Bom Jesus, foi encontrado também um par de tênis branco e peças de roupa. Segundo uma das irmãs de Melos, que prefere não ser identificada, a família não acredita que o corpo seja do caminhoneiro porque "ele não tinha tênis branco".
Corpo encontrado em Monte Alegre dos Campos
Outro corpo em estágio avançado de decomposição foi encontrado no último sábado (9) em Monte Alegre dos Campos. O cadáver é de um homem e estava enrolado em um cobertor dentro de um banhado na localidade do Moerão, às margens da BR-285, na altura do km 104. De acordo com a Polícia Civil, a identificação e causa da morte dependem da análise da perícia.
Questionado sobre a possibilidade de o corpo ser do caminhoneiro, Amaral afirmou que isso também não é descartado. As duas cidades ficam a uma distância de 154 quilômetros uma da outra.
Últimos momentos antes do desaparecimento
No dia 26 de julho, Luciano fez faxina na casa em que mora, no mesmo quintal da casa da mãe, Elizete Boeira, 45 anos, na região de Hortêncio Dutra. Já passava das 19h quando a mulher ouviu o caminhoneiro saindo de moto e sem dizer para onde ia. Conforme a mãe do homem, momentos antes, ele pediu para ela fazer o jantar e já tinha guardado a moto na garagem, sem ter a intenção de sair de casa naquele dia.
Um comerciante que costuma atender a família revelou que Luciano havia feito um pedido para ser entregue naquela quarta-feira e que teria insistido pelo cumprimento da data de entrega. Eram fronhas de travesseiros e um edredom novos. A família acredita que a faxina e os itens de cama eram sinal de que ele esperava receber alguém em casa.
Assim que ouviu a moto saindo, Elizete, que recebeu a reportagem do Pioneiro no dia 4 de agosto, revelou ter sentido um aperto no peito e começou a ligar e mandar mensagens para o filho no mesmo instante. A última mensagem respondida por ele chegou precisamente as 20h39min. Entretanto, como a região é de pouco sinal de celular, não é possível saber se foi nesse horário que ele tenha, de fato, enviado a mensagem para a mãe.
Entre as últimas conversas que teve com o meio-irmão Lucas Silva, Luciano parecia animado e dizia acreditar que ficaria com a mulher. No caminho até a casa dela, que mora com o marido e os dois filhos na localidade de Caraúno, Luciano enviou uma mensagem em áudio para Lucas.
Na mensagem via WhatsApp, Luciano parece estar em um lugar com bastante ventania e diz "Ai, Teu (apelido de Lucas), bom? Só para te avisar, estou avisando só tu, fica gelo, né?! Eu estou indo lá na casa dela lá, tá? Disse que saiu de casa, que foi para a casa do pai dela, tá? Em Caraúno, tá? E qualquer coisa você sabe aonde eu estou". Por causa do vento, o áudio fica mais nítido com fones de ouvido.