A Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) de Caxias do Sul investigou por quatro anos uma quadrilha especializada em lavagem de dinheiro, valores oriundos do tráfico de drogas. O desfecho da ação iniciada pela polícia, que teve como foco principal a descapitalização do grupo criminoso, ocorreu com a condenação de cinco pessoas, em julgamento realizado pela 3ª Vara Criminal , no final de fevereiro deste ano.
O delegado, titular da Draco, Luciano Righês Pereira explica que, em duas oportunidades, 2010 e 2019, um traficante (condenado em 2019), 39 anos, foi flagrado com drogas em Flores da Cunha e Caxias do Sul, respectivamente. Nessa última, ele estava com um Cruze, circulando pelo bairro Santa Catarina, quando foi abordado e com ele foram localizados 159 invólucros com cocaína. Em uma casa, apontada pelo homem, foram apreendidos mais entorpecentes e uma arma de fogo.
Após os procedimentos da prisão, o veículo foi devolvido a um outro indivíduo, chamando a atenção da polícia para um possível crime de lavagem de dinheiro. Investigando as contas bancárias do suspeito foi possível identificar que os valores não eram condizentes com uma renda lícita.
— Começamos a partir da prisão, mapear por onde o dinheiro passava, localizando a quadrilha que envolvia a companheira, o irmão e laranjas — revela o delegado.
Righês explica que o preso recebia o dinheiro do tráfico, investia em carros de luxo, um deles sendo uma BMW 328, já apreendida. Assim que era adquirido, o veículo era colocado em nome de um laranja, após era anunciado para a venda em uma loja na área central de Caxias. A revenda pertence a um homem de 37 anos, irmão do traficante. Com a venda do carro a quadrilha conseguia "maquear" a origem ilícita do dinheiro - a manobra é conhecida como branqueamento de capital. Com este tipo de operação, o grupo conseguiu obter um patrimônio de R$ 400 mil (entre veículos e dinheiro em espécie), o qual foi bloqueado pela Justiça a partir do inquérito policial.
— Em crimes de lavagem de dinheiro, temos uma investigação muito complexa. Iniciamos pela representação de um crime antecedente, que, neste caso, foi o tráfico. Descapitalizando esse valor das facções obviamente diminui os outros crimes, então esse é um dos focos da Draco.
A investigação foi concluída pela Draco ainda em 2019 e encaminhada ao judiciário. O processo tramitou na 3ª Vara Criminal que julgou o caso no último dia 27 de fevereiro. Cinco pessoas – o suposto traficante, a companheira dele, o irmão dele e dois laranjas – foram condenados pelo crime de lavagem de dinheiro a três anos de prisão. O traficante que já estava em prisão domiciliar, desde 2019, terá a pena somada. Os demais condenados ainda não foram presos. A polícia aguarda que a Justiça atenda ao pedido de prisão preventiva. Os carros e o dinheiro recuperados vão para o patrimônio do Estado. Uma sexta pessoa acusada suspeita de ser laranja do esquema foi absolvida.