Os familiares da idosa encontrada, nesta semana, em Garibaldi depois de 44 anos desaparecida registraram boletim de ocorrência sobre ela em 2021, quando uma sobrinha da mulher teve acesso a informações referentes ao Cadastro Nacional de Desaparecidos. A família contou à polícia que uma equipe do Instituto Geral de Perícias (IGP) estava em uma praça em Cachoeirinha, onde a família vive, para divulgar o Programa Nacional de Pessoas Desaparecidas.
Ela contou a equipe que a tia dela estava desaparecida desde 1979. Os servidores orientaram a mulher a ir até a Delegacia de Polícia da cidade e registrar a ocorrência de desaparecimento. Na ocasião, um familiar deixou material genético, após orientação do IGP, para o caso de localização.
Segundo o delegado da Polícia Civil, Clóvis Rodrigues de Souza, foi a inclusão do nome da idosa no cadastro de desaparecidos que permitiu o reencontro dela com familiares na última quinta-feira (3). Ele explica que muitas pessoas não têm acesso ou não conhecem a Política Nacional de Busca de Pessoas Desaparecidas (PNBPD), criada em 16 de março de 2019, que é voltada a solucionar e a prevenir casos de desaparecimento de pessoas.
— Ela não era vista pela família há 44 anos, mas como teve questões familiares eles acreditavam que ela estava longe por opção e naquela época não era muito comum registrar ocorrência, não era usual, e não tinha-se essa preocupação. Quando a sobrinha dela teve acesso a essas informações sobre o Cadastro Nacional de Pessoas Desaparecidas fez o registro e como o nome dela constava como desaparecida (no sistema) localizamos os familiares na Região Metropolitana — explica o delegado.
A mulher foi encontrada em um quarto no subsolo do Hotel Pieta, na área central de Garibaldi, após denúncias de que uma idosa vivia no espaço em condições precárias. A administração do hotel foi contatada pela reportagem e informou que irá se pronunciar sobre o assunto por meio de advogado.
A reportagem apurou que a mulher era conhecida como Luíza pelas pessoas que conviviam com ela, mas a polícia não divulga o nome verdadeiro para preservar a idosa e a família. De acordo com o delegado Marcelo Ferrugem, que assumiu a investigação enquanto o titular de Garibaldi está de férias, ela estava em condições insalubres e utilizava um balde como banheiro. Contudo, segundo ele, ela não vivia em cárcere privado, já que era vista circulando pelo local.
— A delegacia de Garibaldi recebeu uma denúncia anônima na terça-feira, foi até o hotel com uma psicóloga e assistente social e encontrou a idosa, que todo mundo conhecia pelo nome de Luíza, mas esse não é o nome verdadeiro dela. Foi verificado que realmente ela se encontrava em condições insalubres. Não estive no local, mas conforme foi constatado não havia luz natural, nem lâmpada, e tinha péssimas condições de higiene. O banheiro era afastado, então ela fazia as necessidades pessoais em um balde — afirma Ferrugem.
O último contato que ela teve com a família foi em 1979, segundo a polícia:
— Não sei se veio diretamente para Garibaldi, mas ela trabalhou em outro hotel além desse, onde ela foi encontrada. Desde 2000, ela permanecia ali, nessas dependências, no subsolo ou na garagem do hotel em um quartinho — explica o delegado.
Ainda segundo ele, a idosa estava bem fisicamente, mas demostrava confusão mental. Ela foi retirada do hotel e encaminhada para exames ainda na terça. Depois disso, ficou em uma Casa de Passagem do município até que reencontrasse a família nesta quinta, o que gerou muita emoção entra ela e os familiares. A partir de agora ela será acompanhada por psicólogos e pela Assistência Social e Secretaria de Saúde de Cachoeirinha, que trocará informações sobre o caso, com as secretarias de Garibaldi. A reportagem tentou contato com a prefeitura, mas foi informada que recebeu a orientação da Procuradoria do Município para não dar informações neste momento.