Após encerrar 2022 com o menor número de assassinatos em duas décadas, Caxias do Sul vive um início de ano com uma aceleração de mortes violentas. De 1º de janeiro até o dia 21 de fevereiro, a cidade registra mais que o dobro de homicídios do mesmo período do ano passado, com 22 casos foram confirmados até esta publicação. Nos dois primeiros meses do ano passado, nove mortes violentas haviam sido registradas.
Conforme o titular da Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DPHPP), Caio Márcio Fernandes, o índice mais elevado se dá “em razão da somatória de feminicídios e de homicídios praticados como demonstração de força das facções”.
Como explica o delegado, apesar de não existir aparente relação entre as vítimas, a maior parte tem ligação com atividades criminosas. Fernandes, porém, observa que não existe uma disputa por pontos de venda de drogas.
— Sendo assim, nota-se que as motivações podem ser as mais diversas uma vez que as dinâmicas de relacionamentos interpessoais também o são — avalia o delegado.
Ainda sobre as mortes ligadas ao tráfico de drogas, o delegado lembra que, na maioria das vezes, o homicídio é determinado a partir de lideranças das facções:
— Isso porque os grupos criminosos se organizam de forma semelhante às empresas: com uma cadeia de comando, hierarquia e respeito às ordens superiores.
Ações para prevenção de crimes
Em outros anos, como em 2017 (veja no gráfico acima), Caxias do Sul registrou meses com números expressivos de assassinatos. Mas, ao longo dos meses, houve uma desaceleração. Em 2017, por exemplo, 26 casos foram registrados em janeiro e fevereiro, com o ano terminando em 127 no total. Em 2016, que se iniciou com 17 registros, o ano terminou com 150 mortes violentas.
O delegado Caio Márcio Fernandes explica que é difícil prever o que pode ocorrer neste ano, por conta dos inúmeros fatores externos que podem influenciar neste cenário. Mas ações são tomadas diariamente para prevenir novos casos. Neste ano, como relata o titular da Delegacia de Homicídios, a Brigada Militar (BM) evitou ao menos duas situações que terminariam em execuções. Os atos resultaram em prisões e apreensões de armas de fogo.
— Quanto à Polícia Civil, diversas prisões já foram realizadas e vários inquéritos remetidos ao Poder Judiciário para que os autores possam responder processo e, ao final, ser-lhes imposta uma pena. As investigações que ainda não foram concluídas, em sua maioria, apresentam linhas de investigação robusta e segue-se a colheita de provas para que haja elementos investigativos consistentes para demonstração da autoria dos delitos — completa Fernandes.
Outra ação que deve evitar novos casos são os bloqueadores de sinal de celular que serão instalados nas penitenciárias da Serra. O titular da Homicídios lembra que o investimento reduzirá a comunicação das organizações criminosas com lideranças que seguem presas. Conforme a 7ª Delegacia Penitenciária Regional da Susepe, a instalação dos bloqueadores segue em andamento na região.