Morta pelo companheiro nesta sexta-feira (6) no bairro Cruzeiro, Juliana Ferreira, 39, não tinha passagem pela rede de proteção à mulher de Caxias do Sul, que inclui autoridades policiais, serviços de saúde, Centro de Referência de Assistência Social (Cras), Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) e Centro de Referência à Mulher.
Assim como ela, Naiara Ketlin Pereira Maricá, 18, estuprada e assassinada no bairro Esplanada no dia 1º, e Angélica Schena, 28, morta no dia 27 de novembro de 2022, após ser arrastada por um carro em Caxias, também não tinham registros de atendimento pela rede, segundo a titular da Coordenadoria da Mulher da prefeitura de Caxias, Sonia Rossetti.
O fato de não terem passado pela rede pressupõe, conforme Sonia, uma falta de informação que faz com que elas não busquem ajuda. Por isso, ela ressalta a importância de um dos trabalhos da Coordenadoria: levar capacitações e palestras para a comunidade em geral — como escolas, empresas e igrejas — para divulgar os serviços oferecidos. Quanto mais pessoas souberem dos canais para buscar auxílio, mais protegidas as mulheres estarão.
De acordo com Sonia, no Centro de Referência à Mulher, por exemplo, é feita a escuta, que pode ser realizada presencialmente, no prédio da prefeitura ou por telefone. As mulheres são orientadas e, conforme a necessidade de cada uma delas, é feito o encaminhamento (pode ser promotoria, defensoria, Casa de Apoio, etc).
— O nosso trabalho é focado nessa questão da mulher se perceber em situação de violência, se perceber em risco, porque, às vezes, elas não se dão conta da situação em que estão vivendo. E se não se dão conta, talvez voltem para o agressor ou retirem a medida protetiva até por pressão do agressor — destaca, acrescentando que casos de solicitação de retirada de medida protetiva passam pela Defensoria Pública.
Os órgãos da rede de proteção à mulher realizam a primeira reunião no ano no próximo dia 18.
Onde buscar ajuda
- Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam): (54) 3220-9280.
- Patrulha Maria da Penha: (54) 98423-2154 (o número está disponível para ligações e mensagens de WhatsApp).
- Central de Atendimento à Mulher: telefone 180.
- Coordenadoria da Mulher: (54) 3218-6026.
- Centro de Referência para a Mulher: (54) 3218-6112 e (54) 98403-4144
Entenda o caso
João Batista Silva de Souza, 58, assassinou a companheira, Juliana Ferreira, 39, com golpes de machado e depois se matou nesta sexta-feira (6). O crime foi registrado por volta das 5h, na Rua Tucano, número 826, no bairro Cruzeiro.
De acordo com os vizinhos, Souza morava no local há mais de 20 anos; Juliana teria se mudado para a residência há menos de um ano. Segundo informações também repassadas por vizinhos, Souza era taxista em Caxias, no ponto 43, no bairro Kayser. Ele tem uma filha que mora em Caxias e um filho que é caminhoneiro, que está em viagem. A mãe de Souza mora em Osório.