Seis pessoas foram indiciadas pela Polícia Civil por suposta extorsão que teria resultado na morte de um homem de 49 anos em Carlos Barbosa. A pena do crime se equipara à de latrocínio, que prevê de 20 a 30 anos de prisão aos autores. No inquérito policial, remetido nesta semana ao Judiciário, foram identificados quatro homens, que cumprem pena em presídios de outra região do Rio Grande do Sul, e duas mulheres.
O grupo é suspeito de praticar diversas extorsões ao homem após ele conversar com uma suposta jovem ou mulher por meio de aplicativo de mensagens. O crime, conhecido como o golpe dos nudes, tem sido comum em cidades da Serra.
Em Carlos Barbosa, o grupo teria provocado um prejuízo de mais de R$ 100 mil à vítima, que, segundo a polícia, por não aguentar mais as ameaças, tirou a vida em janeiro deste ano. Para a vítima, os homens se identificavam como policiais civis ou como sendo do Poder Judiciário e o ameaçavam dizendo que ele tinha cometido crime de pedofilia e que seria preso.
Duas mulheres ligadas aos presidiários também foram indiciadas. Eram elas que emprestariam as contas correntes aos criminosos, movimentando o dinheiro. Uma delas é mãe de um dos homens e a outra, amiga. Os quatro cumprem pena no presídio de Sarandi e as mulheres moram na mesma cidade. As duas tiveram conduta relevante, segundo a polícia, mas não seria o caso de prisão.
O delegado Marcelo Ferrugem explica que a vítima registrou boletim de ocorrência em novembro de 2021 e, cerca de dois meses depois, tirou a própria vida.
— Acredito que é o único caso assim que resultou em morte no Estado, ao menos que a polícia tenha conhecimento. Não creio que tenha outros com proporção tão grave. Ele era ameaçado e extorquido, até que não aguentou mais — diz o delegado.
A investigação aponta que, apesar da vítima ter registrado ocorrência em novembro, os depósitos começaram em setembro. Os dois mais expressivos foram feitos pouco antes dele morrer:
— Ele fez dois depósitos, um de R$ 44 mil e outro de R$ 28 mil, totalizando R$ 72 mil, que foram os mais altos. Ele passava os valores das contas de familiares para a dele e, logo depois, para as contas dos criminosos que o ameaçavam. Esses foram feitos no dia 26 (de janeiro) e, no dia seguinte, ele disse em mensagem que não restava outra coisa — relata o delegado, referindo mensagem deixada pela vítima antes de morrer.
Ferrugem aponta ainda que, apesar dos alertas, as ocorrências são comuns na cidade:
— Todas as semanas temos registros, mas não avança porque as contas são de laranjas. Nesse caso, a extorsão resultou um uma morte, um delito grave. Quebramos o sigilo bancário da vítima e chegamos às contas das duas mulheres. Deve ter mais presos envolvidos porque são de oito a 15 na mesma cela e eles usam o mesmo aparelho celular, então, indiciamos os que foram beneficiados pelos valores.
Entenda o caso
O homem de 49 anos conheceu uma suposta jovem ou mulher em uma rede social, trocaram contatos de telefone e passaram a conversar. Depois de um tempo, a vítima passou a ser extorquida por mensagens de texto e áudio. As ameaças eram de que ele tinha cometido crime de pedofilia e que seria preso se não cedesse. Assim, efetuou inúmeros depósitos nas contas informadas pelos criminosos.
De acordo com a Polícia Civil, ele foi alertado pela polícia e pelos familiares sobre o golpe, mas seguiu realizando os depósitos, e as ameaças ficavam cada vez mais graves. As investigações apuraram um prejuízo total de R$ 100 mil.
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