Até o início de maio, de acordo com dados da Brigada Militar, a área central de Caxias do Sul registrou 107 ocorrências de roubo e furto de celulares. O número significa 38% do totalizado em todo o 2021, quando foram 281. Ou seja, enquanto o ano passado teve, em média, 23 casos por mês, nos quatro primeiros meses deste ano, foram 26,72 ao mês.
Para o major do 12º Batalhão da Polícia Militar (BPM), Wagner Carvalho, as áreas que abrangem os bairros Centro, São Pelegrino, Exposição e Nossa Senhora de Lourdes são as mais propícias para os assaltos a pedestres em razão da maior circulação de pessoas.
— É onde temos mais vítimas em potencial para esses crimes. Esses assaltos ocorrem em paradas de ônibus, quando muitas vezes tiram o celular de bolsas sem a pessoa ver, além de calçadas, locais onde há maior circulação, como shoppings — explica o major.
Ele analisa que o número de roubo vem crescendo em relação ao de furtos. Segundo Carvalho, em abril de 2022, foram 43,5% furtos enquanto roubos foram 56,5%. Até o momento, maio segue repetindo o cenário.
— São raras (as abordagens mais violentas), faz tempo que não tem disparo de arma de fogo em roubo a pedestre —, complementa.
Tanto o major quanto o delegado da Polícia Civil do município, Vitor Carnaúba, destacam que os usuários de droga acabam sendo a maioria dos autores com o objetivo de “transformar em dinheiro para sustentar o seu vício”.
— Infelizmente é um problema social que tem impacto na segurança pública — comenta Carvalho.
E Carnaúba acrescenta:
— Hoje em dia as pessoas não andam com dinheiro na carteira, com poucas coisas de valor e o celular acaba sendo um objeto de valor. O celular é um objeto cobiçado, normalmente aqui em Caxias os ladrões ainda não tem aquela prática de pegar o telefone e logo fazer transferência bancária, o que já existe em outros estados. A maior parte dos nossos aparelhos, pelo que temos conhecimento, vai para o desmanche, viram peça, para consertar outros aparelhos — afirma o delegado, que coloca na lista como locais onde há mais ocorrência as casas noturnas, feiras ao ar livre e praças.
Ele orienta que, logo após fazer a ocorrência, a vítima de roubo e furto do eletrônico entre em contato com os bancos em que tenha acesso pelo celular para bloquear possíveis invasões, comunique a operadora utilizada e desabilite as informações contidas no aparelho pelo sistema (Android ou IOs).
Ao circular pelo Centro de Caxias, é difícil encontrar quem não esteja mexendo no celular. Há um ano na cidade, a auxiliar de cozinha Francisca Silva, 26 anos, veio do Maranhão e conta que mexe no celular na rua porque acha tranquilo.
— Aqui é mais tranquilo que lá (no Maranhão). Não conheci até agora ninguém que tenha sido assaltado — diz Francisca.
Já outros têm medo do uso na rua. É o caso da agricultora Marcela Rangel da Silva, 36 anos, que compartilha sempre guardar o celular na bolsa e esta sempre na frente do corpo.
— É difícil eu usar. Eu estava usando agora porque estou esperando um e-mail que tenho que receber, mas é difícil de usar na rua. Eu não sei como eu iria reagir, o meu maior medo é assalto, roubo, é a situação em si — desabafa Marcela, que não tem aplicativo de banco no aparelho.
Na praça Dante Alighieri, o chapista Paulo Marchet, 51 anos, estava parado mexendo no eletrônico. Ele fala que prefere parar do que mexer enquanto caminha.
— Eu noto que a pessoa fica muito distraída e a segurança da pessoa não fica muito boa — opina.