Acusado de matar a ex-companheira com líquido ácido, Deivis Lobato Braga, 38 anos, foi condenado a 17 anos de prisão. O júri aconteceu nesta quinta-feira (12). A venezuelana Ariana Victoria Godoy Figuera, 24, foi atacada em frente a casa em que morava, na Rua Cristiano Ramos de Oliveira, no bairro Desvio Rizzo, em dezembro de 2019.
Braga foi condenado por feminicídio, crime que foi qualificado por meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima. Conforme a promotora de Justiça que atuou em plenário, Graziela Vieira Lorenzoni, o ataque foi premeditado.
— Deivis conhecia os horários da ex-companheira e a esperou na saída do trabalho, próximo à casa da vítima e à noite. Quando chegou, ela foi atacada pelo réu com um líquido que continha ácido. O crime foi praticado em decorrência de violência doméstica — explicou a promotora.
A denúncia aponta que Deivis utilizou ácido para matar Ariana. A substância causou lesões letais provenientes de queimaduras de terceiro grau na face e no tórax. Segundo o prontuário hospitalar, as causas do óbito foram insuficiência respiratória, queimadura da laringe e da traqueia, vitriolagem, queimadura e corrosão da pele em 20% da sua extensão.
O ataque aconteceu por volta das 22h30min do dia 12 de dezembro de 2019. A mãe de Ariana relatou que a filha chegava em casa quando, no portão, foi chamada por uma pessoa. Quando a moça olhou, o agressor arremessou um líquido no rosto da vítima, que gritou de dor.
A família tentou acionar o Samu, mas, diante da demora, utilizou um aplicativo de carona para levar a jovem até a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) Zona Norte. Devido à gravidade dos ferimentos, Ariana foi transferida para o Hospital Pompéia. Ela faleceu pouco depois do amanhecer.
Na tarde daquele dia, Braga se apresentou na Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher (Deam) e confessou o crime. À polícia, ele afirmou não saber qual produto foi jogado contra Ariana. Ele alegou que trabalhava na poda de árvores e que o produto era utilizado durante o expediente.
Na época, a família da vítima relatou à polícia que Ariana dizia sofrer com um relacionamento abusivo. Lobato e a venezuelana se conheceram em Roraima e ficaram juntos por menos de um ano. O relacionamento terminou em janeiro deste ano. Com medo do ex-companheiro, segundo a família, Ariana decidiu fugir e mudar-se para Caxias do Sul, onde um irmão mora. A viagem aconteceu em agosto e a venezuelana viajou acompanhada peles dois filhos e com a mãe.
O homem seguiu a mulher até Caxias do Sul, onde passou a residir numa casa ao lado de Ariana. Desde então, ele insistia em retomar o relacionamento. Ao ser assassinada pelo ex-companheiro, Ariana deixou um filho de quatro anos e uma filha que completou um ano no mês do crime.