A Polícia Civil deflagrou a Operação Libera Terra, de combate a extorsão a donos de revendas de veículos na Serra na manhã dessa sexta-feira (26). A ação é coordenada pela Delegacia de Repressão as Ações Criminosas Organizadas (Draco) de Caxias do Sul. Foram cumpridos cinco mandados de busca e apreensão — três em Caxias e dois em outras cidades da região.
No início desse mês, GZH mostrou o esquema que já ocorria no Vale do Paranhana e Região Metropolitana. Um caso em que foi ateado fogo no pátio de uma revenda de caminhões em Garibaldi também é investigado.
Em Caxias, a investigação iniciou há cerca de três meses e identificou um grupo criminoso organizado que tinha o objetivo de extorquir empresários do setor na Serra. Em Caxias, os mandados foram cumpridos nos bairros Charqueadas e Bela Vista e na Penitenciária Estadual, na localidade do Apanhador. Na região, em Parobé e no Presídio de Montenegro.
Segundo a polícia, nessa fase da investigação, os policiais identificaram que o líder do grupo comandava os crimes do interior do sistema prisional, por meio de celular. Ainda conforme a Draco, os demais integrantes da organização intimidavam as vítimas, depredando os estabelecimentos comerciais, enviando mensagens com ameaças — inclusive de morte — e recebiam, em suas contas bancárias, os valores pagos pelas vítimas. As quantias variavam entre R$ 500 e R$ 1 mil mensais. O montante total extorquido ainda não foi contabilizado, mas a maioria dos empresários não chegou a efetivar o pagamento e procurou a polícia.
A investigação ouviu mais de 40 empresários, donos de revendas de veículos, todos vítimas do mesmo crime. Essa fase da operação pretende aprofundar a investigação, que se dará a partir da análise dos documentos, cartões bancários e aparelhos de telefone celular apreendidos. A ideia é identificar o papel de cada um no esquema criminoso.
— Temos suspeitos identificados, agora, com as apreensões de hoje, de documentos, anotações, celulares, vamos concluir as provas para, depois, responsabilizar todos os envolvidos. Além do objetivo é estancar o problema — declarou o delegado Vitor Carnaúba, que responde interinamente pela da Draco, referindo que são 10 investigados, entre homens e mulheres.
Os contatos com as vítimas eram feitos por meio de rede social. Os textos enviados eram todos semelhantes, segundo o delegado. Em uma das conversas, um criminoso se identifica para um empresário como sendo de uma "organização" e diz que estão procurando todas as revendas para que façam o "fechamento" com eles, ou seja, que aceitem fazer os pagamentos. Em troca, ele menciona que farão a segurança e até cobrança e resgate de veículos em caso de pessoas que não estejam em dia com a empresa.
Em outra troca de mensagens, um criminoso menciona um caderno sugerindo o controle feito pela organização sobre o esquema. Todos os alvos estão identificados e sendo monitorados pela polícia. Não houve prisões nessa fase.
— Tem participação de dentro do presídio e de pessoas no lado de fora também. Entre pessoas que emprestavam as contas para receber o dinheiro, quem fazia as ameaças e quem executava — comenta o delegado.
A ação dessa manhã teve o apoio operacional dos três distritos policiais de Caxias do Sul, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DPHPP) e do Grupo de Ações Especiais da Susepe (GAES).