O resgate de um idoso de 67 anos em setembro, que era mantido em cárcere privado há aproximadamente seis anos, levou a Polícia Civil de Caxias do Sul a descobrir uma série de delitos. O alvo da investigação é um homem de 29 anos, que se apresentava como advogado, mas não possui registro na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Segundo a Polícia Civil, ele também atuava com uma médica para falsificação e venda de laudos médicos. Ela também foi indiciada na investigação. Ambos não tiveram o nome divulgado.
Com as novas provas, o suspeito, que havia sido preso ainda em setembro durante o encontro do cárcere, teve a prisão decretada novamente e foi capturado nessa quarta-feira (3). A investigação iniciou há dois meses, quando agentes da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) cumpriam ordens judicias para encontrar uma arma. Uma das buscas era numa casa alugada no bairro Lourdes, onde o idoso, que é deficiente físico, pediu socorro aos policiais. Ele relatou que era mantido em cárcere privado pelo casal.
— Foram aproximadamente seis anos (que o idoso era mantido no local contra sua vontade). Passou muitos anos numa situação bem lamentável. Hoje ele permanece em tratamento, mas está se recuperando com o acompanhamento da família — aponta a advogada Daniela Silva, que atua como assistente de acusação representando a família da vítima.
Na ocasião, o suspeito de 29 anos e sua companheira foram presos em flagrante, mas tiveram a liberdade provisória concedida pela Justiça no dia seguinte. A investigação da Draco prosseguiu para explicar o cárcere privado e apurar os novos indícios encontrados durante as buscas na residência do casal. O inquérito policial relata como o homem de 29 anos falsificava laudos médicos, principalmente para apresentação em processos judiciais, e praticava extorsões.
Ele foi indiciado por cárcere privado, apropriação indébita de bens de idoso, extorsão e falsificação de documento. Em depoimento à Polícia Civil, ele negou todos os fatos.
— Foram três indiciados (um homem e duas mulheres), por condutas e crimes diferentes. O único que teve a prisão decretada foi este suspeito. Em princípio, ele era quem organizava este grupo e os delitos investigados — aponta o delegado Vitor Carnaúba, que responde interinamente pela Draco.
O inquérito policial foi remetido para análise do Ministério Público (MP), que pode oferecer denúncia. No documento, a Polícia Civil também relatou os indícios de que o suspeito se apresentava e atuava como advogado, mesmo sem ter registro da OAB. Este comportamento deverá ser alvo de uma nova investigação.
O andamento da investigação é acompanhado de perto pela família do idoso vítima do cárcere privado.
— A família quer Justiça pelo tempo de desaparecimento dele e pela situação que ele estava vivendo. A família nos contratou porque quer acompanhar de perto — diz Daniela Silva, que ainda afirma que nunca houve uma relação entre o idoso vítima e os investigados por cárcere privado.