Na manhã desta segunda-feira (7), o presidente do Sindicato dos Servidores Penitenciários do Estado do Rio Grande do Sul (Amapergs), Saulo Felipe Basso dos Santos, lamentou a morte do agente penitenciário Clóvis Antônio Roman, 54 anos, em Caxias do Sul. O servidor que atuava há três anos na Susepe foi morto durante a escolta de um preso por criminosos dentro da Upa da Zona Norte nesta madrugada. Ao falar sobre o assassinato do colega, Santos criticou a falta de efetivo, de armas e de cursos de qualificação aos servidores que atuam nos presídios no Estado. Atualmente, segundo ele, o déficit no RS é de 3 mil servidores: há cerca de 5,1 mil servidores penitenciários na ativa para 41,4 mil apenados.
— A primeira situação é a falta de efetivo. Há uma normativa do Ministério da Justiça que determina que no Brasil a proporção ideal é de um agente para cada cinco apenados. Os estados do Norte e Nordeste usam essa norma como parâmetro fundamental nos planejamentos. No RS hoje temos praticamente o dobro de apenados por agentes. A falta de efetivo é grande — reclama.
Sobre a escolta que resultou na morte do colega em Caxias do Sul, o presidente da Amapergs falou sobre alguns detalhes:
— Os colegas fizeram esse trajeto (Penitenciária Estadual do Apanhador-Upa) porque o município orienta que os atendimentos aos presos seja na UPA Zona Norte. A estrada é cercada de mata, então tudo conspirou para que acontecesse uma tragédia. A informação que tenho é de que o preso não era uma referência ou líder de organização criminosa. Qualquer preso é perigoso, visto que está cumprindo pena em uma casa prisional, mas, em caso de uma liderança, seria diferente, reforçado. É muito difícil fazer isso no mundo real porque não há efetivo.
Santos chama a atenção para outros dois pontos, o armamento e a falta de cursos de qualificação aos profissionais no RS.
— Enquanto os criminosos têm armamento de guerra, nós temos revólver, pistolas. São armas que não servem para inibir esse tipo de ação e tampouco para enfrentar bandido. Também não existe a qualificação dos servidores, isso é lastimável. Há funcionários que estão há anos no serviço penitenciário e não passaram por cursos — diz.
Sindicato faz vigília em frente ao Palácio Piratini
Servidores penitenciários estão em vigília em frente ao Palácio Piratini, em Porto Alegre, desde a última semana para chamar a atenção do governo do Estado para assuntos da categoria. Com a morte do colega em Caxias nesta segunda, eles aproveitaram para demostrar tristeza e indignação com a situação. O Sindicato representa mais de 7 mil servidores penitenciários que atuam em 150 casas prisionais do Estado.
Em nota nas redes sociais, o sindicato se solidarizou com a família de Roman e expôs indignação com a situação que a categoria enfrenta:
"No exato momento em que o governo finge que qualquer um pode fazer o nosso serviço, desvalorizando nossa tão estressante atividade de segurança, ocorre uma tragédia dessas. Siga em Paz guerreiro, nem podemos acreditar em tamanha tragédia há tão poucas horas! A família SUSEPE está de luto!"