A Delegacia Regional de Polícia Civil de Caxias do Sul está com três delegados em vias de se aposentar em um cenário que já é de defasagem de efetivo. Dois deles, inclusive, já fizeram a solicitação para aposentadoria e não estão mais trabalhando porque já passou o período de 30 dias do pedido; com isso, esses servidores já estão em licença. O outro delegado está próximo da conclusão do tempo de serviço necessário, conforme o delegado regional, Paulo Rosa.
A perspectiva de aprovação de uma nova lei previdenciária no Estado, na sequência da reforma da previdência em nível nacional, vem provocando um aumento no número de pedidos de aposentadoria pelos servidores do Executivo no Rio Grande do Sul. Para repor ou ao menos amenizar as perdas no quadro, uma nova turma de 50 delegados, que devem atuar em todo o Estado, começa um período de formação no dia 6 de março, data em que também começa a instrução para 262 novos agentes, incluindo 131 escrivães e 131 inspetores. A definição de quantos servidores virão para Caxias do Sul ainda depende do próprio andamento do curso e de quantos vão efetivamente se formar.
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A delegacia regional da Polícia Civil em Caxias do Sul abrange 26 órgãos policiais, entre delegacias distritais, especializadas e de pronto-atendimento. Atualmente, são 21 delegados atuando na região, incluindo o regional. Conforme Paulo Rosa, uma das principais necessidades é da Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) de Caxias do Sul.
— Ontem (segunda, dia 13) mesmo já conversávamos com Porto Alegre com o objetivo de ter mais delegados. A necessidade principalmente é junto à DPPA de Caxias do Sul, onde hoje só temos três delegados plantonistas, sendo que é preciso cinco delegados — afirmou Rosa, em entrevista ao programa Gaúcha Hoje da rádio Gaúcha Serra na manhã desta terça (14).
O plantão da Polícia Civil de Caxias atende a uma área que abrange também cidades como Nova Petrópolis, São Marcos, Flores da Cunha e Antônio Prado. Esta última, inclusive, está sem titular na delegacia da cidade.
— Há necessidade de mais um delegado como titular da delegacia, uma vez que Antônio Prado é sede de comarca — alerta.
O plantão da Polícia Civil em Bento Gonçalves também sofre com uma defasagem expressiva, já que não há delegados específicos para a Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento da cidade. Há necessidade de quatro delegados, de acordo com Rosa:
— Temos em Bento o plantão que atende a vários municípios do entorno, como Garibaldi, Carlos Barbosa, Cotiporã, Veranópolis e outros menores. Atualmente, o plantão é feito por meio de uma escala de delegados que trabalham nessas cidades.
Com isso, a delegacia regional solicitou, ao todo, sete delegados para reposição do quadro, sendo quatro para Bento Gonçalves, dois para Caxias do Sul e um para Antônio Prado; o número de agentes necessários ainda está sendo calculado, segundo o delegado. A perspectiva de Rosa é que os novos servidores da Polícia Civil sejam formados até setembro e possam ser nomeados no mês de outubro. Sobre as dificuldades no intervalo de tempo entre as aposentadorias de delegados e agentes, e a nomeação de novos servidores, o delegado regional afirma que a polícia tem atendido a demanda.
— Estamos conseguindo atender. A carência de efetivo na Polícia Civil é de 30 anos. E, nesse período, houve um aumento grande na população, e nós tivemos uma diminuição no efetivo. A criminalidade nesse período aumentou e os tipos de crime ficaram mais graves. Mas temos feito um trabalho conjunto com a Brigada Militar e temos conseguido atender as demandas — afirma, dando como exemplo a diminuição no número de homicídios em Caxias, que teve em 2019 o menor índice em 15 anos.
A entrevista com o delegado regional também abordou como a nova lei de abuso de autoridade interfere no trabalho da Polícia Civil. Ouça na íntegra: