Metade das vítimas da violência em Caxias do Sul em 2020 são menores de idade. Dos seis mortos, três são adolescentes. O caso mais recente foi o de Maique José Palhano da Silva, 15 anos, que foi executado com quatro tiros em frente de casa no bairro Nossa Senhora do Rosário. De acordo com familiares, o adolescente foi chamado até o lado de fora, mas não abriu o portão. O assassino teria colocado a mão por um vidro quebrado para efetuar os tiros.
As características do crime chamam a atenção, mas a família garante que o adolescente não era dependente químico e não tinha qualquer envolvimento com o tráfico de drogas.
— Nem teria tempo (para se envolver). Ele estudava no Caic e trabalhava com o pai em uma borracharia no bairro Mariani. O Maique era uma pessoa querida, um garoto carinhoso e muito alegre. Que eu saiba, não tinha intriga com ninguém — lamenta a tia Carine dos Santos, 30 anos, que mora em Lagoa Vermelha e veio ajudar com o velório. O adolescente foi sepultado às 17h no Cemitério Público de Caxias do Sul.
Maique morava com a mãe e uma irmã mais nova. Eles se mudaram para o bairro Nossa Senhora do Rosário há pouco mais de um ano. Antes, eram moradores do Santa Fé. O garoto estudava na Escola Municipal Dolaimes Stédile Angeli, conhecida como Caic.
— Não temos ideia do porquê fizeram isso com ele. É um adolescente, apenas 15 anos. É muito novo, foi um choque para toda a família — afirma Carine.
O esclarecimento do caso cabe a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), mas ainda não há detalhes sobre os autores do homicídio. Os investigadores buscavam testemunhas e câmeras que possam ajudar a identificar o veículo utilizado na ação. Uma hipótese levantada é que o adolescente possa ter sido confundindo com um irmão, que está recolhido no sistema penitenciário e tem nome semelhante.
— Podemos imaginar que (o homicídio) fosse uma cobrança de dívida pelo irmão, mas, neste meio criminoso, eles costumam saber quem está preso e quem não está. Parece pouco provável (que aconteça a confusão), mas não é impossível. Obviamente, é uma linha de investigação que não descartamos. Mas não é a principal — aponta o delegado Caio Marcio Fernandes, que afirma se basear na legislação de abuso de autoridade para não falar sobre o perfil da vítima.
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