Uma estatística de segurança pública em Caxias do Sul chama atenção após Réveillon. Com 89 assassinatos, 2019 terminou com menor número de vítimas da violência dos últimos 15 anos. Para encontrar um ano com menos mortes, é preciso voltar para 2004, que teve 83 mortes. O resultado fica ainda mais expressivo quando levado em conta que a população do município aumentou mais 100 mil habitantes no período. Os dados são do Contador da Violência.
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Esta também foi a primeira vez que Caxias do Sul ficou abaixo da marca de 100 assassinatos nos últimos cinco anos. Neste período entre 2004 e 2019, apenas outros três anos não atingiram a marca de 100 vítimas: 2014 (que teve 99), 2008 (96), e 2005 (93).
O resultado faz parte de uma curva descendente que começou justamente após o ano mais violento da história de Caxias do Sul: 2016, que terminou com 150 assassinatos. A marca foi seguida por 127 mortes em 2017, 110 em 2018 e chegou a estes 89 do ano passado (confira o gráfico abaixo).
O elevado número de homicídio em 2016 e 2017 é explicado pelo avanço de organizações criminosas para dominar o tráfico de drogas na cidade. A violência destes grupos ficou marcada por ataques com três e até quatro mortes a pontos de venda rivais, geralmente seguidos de incêndios. A redução seria o caminho contrário: as forças policiais aprendendo a lidar com este crime organizado:
— São disputas de ponto de drogas, uma situação que é problema em nível nacional, mas que estamos conseguindo identificar e prender (os autores dos homicídios). É um trabalho de inteligência, identificando as lideranças e sabendo qual facção tem o predomínio em cada bairro — explicou o delegado regional Paulo Roberto Rosa, em entrevista à RBS TV.
Este monitoramento constante sobre as movimentações do crime organizado foi um dos aspectos aprimorados pela maior troca de informações entre os órgãos de seguranças, por meio do programa RS Seguro. A estratégia do Governo Estadual promove reuniões mensais entre as lideranças policiais.
— De certa forma, colocou a Brigada Militar e a Polícia Civil em sintonia. Com mais informações, conseguimos respostas mais rápidas, o que deixa o próprio criminoso mais cauteloso. A maioria dos homicídios têm ligação com o tráfico de drogas, e com nossas patrulhas intensificadas nos bairros certos, conseguimos mais prisões e apreensões de armas — complementa o major Diego Soccol, subcomandante do 12º Batalhão de Polícia Militar (12º BPM).
Outra situação destacada por ambas as forças policiais foi a transferências de lideranças criminosas do sistema prisional, em parceria com a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe).— Além de retirarmos os mandantes (destes crimes por integrantes de facções), também fica um temor entre os outros detentos, que não querem serem removidos (para cadeias mais distantes de suas famílias) — ressalta o delegado Paulo Rosa.