Um morador de Caxias do Sul é apontado como um dos líderes da organização criminosa suspeita de aliciar mulheres para o transporte de cocaína para a Europa. O grupo foi desarticulado pela Polícia Federal (PF) na operação Wanderlust, deflagrada nesta quarta-feira (20). Até as 11h, 33 pessoas já haviam sido presas em todo o país, sendo nove delas na maior cidade da Serra.
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As investigações começaram em março deste ano a partir de uma denúncia anônima. Ao todo, cerca de 200 policiais cumpriram 40 mandados de prisão e outros 40 de busca e apreensão. Além do Rio Grande do Sul, a operação também ocorre em outros nove estados: Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Mato Grosso, Paraíba, Amazonas e no Distrito Federal. No Estado, também foi cumprido um mandado em Bento Gonçalves.
Conforme o delegado Claudino Sebaldo Alves de Oliveira, chefe da Delegacia da PF em Caxias do SUl e responsável pelas investigações, o homem apontado como um dos líderes do grupo é proprietário de um ferro velho no bairro Kayser. O nome dele não foi divulgado em razão de uma "política institucional da Polícia Federal". A tendência é que o processo tramite em Caxias do Sul, onde iniciou a investigação e foram decretados os mandados cumpridos.
A quadrilha era responsável pelo aliciamento de mulheres, principalmente de Caxias, para o transporte de cocaína e o embarque ocorria em diversos aeroportos do país. Entre os presos, estão pessoas que aceitaram transportar a droga, que tinha origem no exterior e Portugal como principal destino.
— Eles pagavam valores altos para as pessoas transportarem a cocaína nas malas. Ou elas saíam daqui (Caxias) com as malas ou iam para outros estados onde pegavam a droga e embarcavam direto de lá. A cocaína era misturada em xampus e condicionadores ou colocada na estrutura das malas — explica Oliveira.
A polícia ainda não sabe o número exato de pessoas que foram aliciadas pelo grupo, que também tinha integrantes em Curitiba (PR). Ao longo das investigações, 25 pessoas não conseguiram passar pela segurança dos aeroportos e foram presas em flagrante. Seis delas foram flagradas durante o desembarque em Lisboa, em Portugal. Nessas ações, foram apreendidas entre 140kg e 150kg de cocaína.
De acordo com a PF, a organização também era responsável por trazer haxixe ao Brasil. Durante as investigações, os policiais encontraram cerca de 1,6 tonelada da droga em um veleiro que havia partido do Marrocos, na África. Essa foi a maior apreensão desse tipo de droga já realizada pela corporação.
— A estimativa é que entre bens apreendidos e valores sequestrados, se ultrapasse R$ 10 milhões. Temos uma imobilização de parte do caixa da organização, a prisão dos principais envolvidos e ainda tem a continuidade das investigações, como lavagem de dinheiro, parte internacional. Podemos dizer que, neste momento, conseguimos desarticular a organização criminosa — avaliou o delegado regional de combate ao crime organizado da PF, Alessandro Maciel Lopes.
A Operação contou com o apoio da representação da Polícia Federal brasileira em Portugal e acordos de Cooperação Policial Internacional com diversos países para levantamento de informações e diligências no exterior.
Nome da operação
O nome da operação, Wanderlust, é baseado em um termo alemão que pode ser traduzido como um profundo desejo de viajar. A palavra é formada pela junção de "wander", que significa prática de caminhada ou trilha, e "lust", que quer dizer luxúria ou vontade profunda.