A inauguração do novo presídio de Bento Gonçalves, entregue à comunidade na manhã desta quinta-feira (3), marca o início de um novo conceito de sistema prisional no RS. A declaração partiu do governador do Estado, Eduardo Leite (PSDB). Ele chegou à penitenciária por volta das 10h10min. Leite ressaltou que é preciso focar na reinserção do preso à sociedade. A cadeia é considerada uma das mais modernas do Estado, com uso de uniformes, sem a entrada de artigos de higiene para evitar que outros materiais entrem no presídio, comando de abertura de celas à distância e monitoramento diferenciado.
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— Essa é uma unidade não apenas com uma estrutura física melhor, mas com uma nova cultura, desde o uso de uniformes às relações com a sociedade. Teremos o esforço para que seja utilizada a mão de obra prisional, para que esse preso volte melhor à sociedade, e se reintegre ao convívio diário com a comunidade — destaca Leite.
O Secretário de Administração Penitenciária, César Faccioli, afirma que a casa prisional inova ao olhar o detento de maneira diferente:
— Não é apenas uma casa de contenção. Inauguramos um centro de reciclagem de trajetórias de vida. Temos o compromisso de devolver à sociedade um ser humano recuperado e melhor. Essa recuperação passa pela oportunidade de trabalhar e de reconquistar a dignidade. Estamos buscando parceiras até com empresas do setor de vinícolas para produzir sucos de uva e em busca de demais atividades — afirma Faccioli.
O superintendente da Susepe, César da Veiga, ressalta que o investimento de R$ 31 milhões busca a mudança de conceito.
— Vamos focar nesse retorno à vida em comunidade, com respeito à vida do detento, e garantindo a segurança da população. É preciso recuperar o presidiário e isso passa por modificações e qualificação dentro da casa prisional em busca da evolução de quem cumpre pena — diz Veiga.
O argumento é o mesmo defendido pelo prefeito de Bento Gonçalves, Guilherme Pasin (PP).
— A construção de uma casa prisional é sempre difícil porque se cobra investimentos em escolas, por exemplo. Fechar presídios e construir colégios seria sim o ideal, mas é um discurso que está longe da realidade que vivemos. Precisamos focar na recuperação dessas pessoas que transgridem as normas e as leis, mas que sabemos que vão voltar a essa convivência. A ideia é garantir que eles reflitam e voltem melhor à comunidade — ressalta Pasin.
Novo presídio
A nova penitenciária será ocupada gradualmente pelos 362 presos do antigo presídio. Eles serão transferidos de 10 em 10, mas a Susepe não detalha o cronograma por questões de segurança. Os primeiros detentos chegam ao presídio novo nesta sexta-feira (4). A obra é uma reivindicação antiga da comunidade. As primeiras negociações começaram em 2004. A cobrança ocorre pela proximidade do atual presídio à área central de Bento.
Com 420 vagas, a nova penitenciária foi construída em uma área de 5,6 mil metros quadrados, na Linha Palmeiro, no interior do município. A estrutura foi erguida em monoblocos de concreto de alta resistência, adotando a mesma técnica usada na construção da Penitenciária Estadual de Porto Alegre (PPOA), na de Canoas e na nova penitenciária de Sapucaia do Sul, que deverá ser entregue até o final deste ano.
A cadeia conta com duas escolas, duas oficinas de trabalho, ambulatório, cozinha, área de isolamento, módulo para revista, refeitório, casa de bombas, sala psicossocial, lavanderia e área administrativa. A Penitenciária de Bento Gonçalves conta também com um sistema que permite que os agentes penitenciários possam monitorar, de um pavimento superior, a rotina das galerias, evitando o contato direto com os apenados. O investimento ocorreu por meio de permuta com a construtora pelo prédio que abriga a Superintendência do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) de Bento Gonçalves. Sessenta e dois agentes vão atuar no novo presídio de Bento.
Presídio antigo será demolido
Considerado uma "bomba-relógio no coração da cidade" pelas autoridades de Bento Gonçalves, o presídio antigo será demolido. A ideia é que uma Central de Polícia seja construída no terreno.
— Nossas delegacias ficam em pontos distantes da cidade, então a ideia é utilizar, com a concordância do Governo do Estado, a área do antigo presídio para a construção de uma central de polícia — explica Pasin.