A Polícia Civil de Caxias do Sul recebeu de denúncias de pelo menos 20 pessoas que afirmam terem sido lesadas em um suposto esquema que prometia um retorno de até 70% do valor investido em até 10 dias. As denúncias foram feitas por um grupo na Polícia Civil na segunda-feira (20). O mesmo golpe já teria sido aplicado em outras cidades do país.
De acordo com as informações, os supostos golpistas usaram o nome de uma empresa de investimentos e anunciaram por meio de redes sociais operações com criptomoedas. Conforme relatos das vítimas à Polícia Civil, houve depósito de valores de até R$ 100 mil e, após decorrido o tempo limite estipulado para a devolução dos valores, a empresa não retornou os contatos.
— Conheci essa empresa por meio de grupos de WhatsApp que reúnem várias pessoas. Um vai passando para o outro, e entrei por causa dos amigos que diziam que estavam tendo lucro. Depositei para a conta de uma mulher um valor de R$ 19 mil no dia 1º de maio com a promessa de que iria entrar no dia 11, mas depois esse valor não retornou e não consegui mais saber o que aconteceu — diz o homem de 55 anos que denunciou o golpe.
Outra pessoa que caiu no esquema afirma que depositou um valor de R$ 5 mil.
— Eu estava com uns trocos parados por conta de um seguro-desemprego e pretendia saldar várias contas, dentre elas a minha declaração do imposto de renda. Dois dias após o depósito soube que tinha caído em um golpe — lamenta outro homem de 50 anos. As vítimas ouvidas pela reportagem pediram para ter o nome preservado.
O caso é investigado pela 2º Delegacia de Caxias do Sul. A investigação está em fase inicial, mas a delegada Thais Norah Sartori Postiglione Peteffi diz que as impressões iniciais apontam para um golpe de pirâmide. Contudo, ainda não está claro se a empresa existe no município ou se todo o golpe acontece pela internet. Neste primeiro momento, os policiais ouvem as vítimas e buscam rastrear os depósitos. Representantes da suposta empresa também são procurados para esclarecimentos.
O coordenador do Procon de Caxias do Sul, Luiz Fernando Horn, disse que não recebeu nenhuma denúncia específica da empresa alvo de registros policiais. Mas orienta aos consumidores que é impossível uma empresa proporcionar lucros tão grandes em tão pouco tempo. Para ele, isso seria equivalente a um "milagre". Ele destaca que tem constatado outros casos de empresas que têm surgido com esse mesmo propósito e enganam consumidores no Estado e no país, com um tipo de esquema parecido com um regime de pirâmide. De acordo com ele, além de fazer a denúncia na polícia, o cidadão deve encaminhar ao Procon o relato, para que o órgão encaminhe ao Ministério Público.
— Uma promessa desse tipo de ganho nos parece estelionato. O consumidor tem que estar com o radar ligado. Tem empresas, as chamadas fintechs, que oferecem retornos de investimentos de uma forma justa, mas o consumidor tem que estar atento — destaca Horn.
A reportagem não localizou a empresa alvo das denúncias e tampouco a titular da conta bancária que recebeu os depósitos e teve o nome apresentado na Polícia Civil.